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Na terça-feira, o jogo começará para Dilma

Reza a lenda que o melhor momento para um político é o que vai da vitória nas urnas até a posse. Seria um tempo de lua de mel com a população e poucas cobranças. Pode ser verdade para quem não precisa encarar apetites por cargos como os que excitam PT e PMDB. Não é, portanto, […]

Por Da Redação Atualizado em 5 jun 2024, 13h45 - Publicado em 14 nov 2010, 06h27

Reza a lenda que o melhor momento para um político é o que vai da vitória nas urnas até a posse. Seria um tempo de lua de mel com a população e poucas cobranças.

Pode ser verdade para quem não precisa encarar apetites por cargos como os que excitam PT e PMDB. Não é, portanto, o caso de Dilma Rousseff. Sua lua de mel, se de fato ocorreu, acaba na terça-feira quando começará a montar de fato o seu ministério.

Durante a campanha, o PMDB reclamou de várias coisas – como, por exemplo, não ser ouvido pela cúpula que conduzia a estratégia eleitoral de Dilma. Mas os peemedebistas não iam além de determinado ponto. Agora, não. No processo de escolha de ministros, presidentes de estatais, diretorias de agências reguladoras e de outro tantos cargos, o PMDB vai bater mais duro. E, justiça se faça ao partido, é um jogo que o partido sabe jogar.

O PMDB não para de mandar recados. O PT idem. Na semana passada, quem teve paciência de acompanhar o noticiário político, notou: nas frases cifradas das entrevistas ou em declarações mais diretas, todos exercitaram a busca por espaços.

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O que o PMDB e o PT querem é uma coisa só: ampliar seus espaços no governo. Não só os dois, aliás: é só perguntar ao PSB se o partido acha de bom tamanho manter os feudos que têm no governo Lula. Não acha. Quer mais.

Os três partidos sentem-se como os vitoriosos das eleições e querem que tal triunfo se traduza em cargos — ou, numa palavra, em mais poder. O problema é que a conta não fecha. Alguém terá que ceder cadeiras.

Dilma Rousseff, marinheira de primeira viagem na urna, chegou lá pegando carona na bonança econômica e no colo largo de Lula. A partir de terça-feira, terá que domar todas essas ambições sem nunca ter tido experiência em negociações deste tipo. Não é coisa fácil.

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Em 2002, também na transição, Lula, que já possuía uma bagagem de negociador seja como presidente do Sindicato dos Metalúrgicos, seja como presidente de um partido dividido em vários grupos, errou na mão na primeira formação de seu governo. Inicialmente, dera a José Dirceu carta branca para negociar alguns ministérios com o PMDB. Dirceu chegou a convidar peemedebistas ilustres para alguns postos — Roseana Sarney, por exemplo. Só que na última hora, Lula o desautorizou e não chamou ninguém. Mais tarde, já pilotando a presidência, foi obrigado a render-se aos encantos do PMDB. Até porque, só se despreza o PMDB quem não precisa dele para governar. E Dilma  precisa.

A partir dessa terça-feira, Dilma começa de fato a ser presidente da República.

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