O Diário Oficial da União desta quinta-feira trouxe um decreto inusitado, assinado pelo presidente Lula e pelo ministro da Justiça, Flávio Dino. O ato em questão tornou “sem efeito” a designação do delegado Márcio Nunes de Oliveira, o último diretor-geral da PF do governo Bolsonaro, para exercer a função de adido policial federal na Embaixada do Brasil em Madri, na Espanha.
Com as assinaturas do então presidente Jair Bolsonaro e seus ministros da Justiça, Anderson Torres, e das Relações Exteriores, Carlos Alberto França, o decreto que concedeu um cargo na Europa ao então chefe da Polícia Federal foi publicado no dia 20 de dezembro do ano passado, a 11 dias do fim do governo. Nunes de Oliveira ocuparia o posto ” pelo prazo de três anos, contado da data de apresentação à missão diplomática”. Substituiria o delegado Delano Cerqueira Bunn.
Ocorre que, segundo informou a PF ao Radar nesta quinta, o ex-diretor-geral “não chegou a assumir o posto”, que continuou sendo ocupado por Delano Brunn até esta quarta. A justificativa dentro da corporação para anular a designação foi que a nomeação do Márcio foi feita por Bolsonaro para surtir efeitos na gestão atual, dez meses depois, o que não faria sentido. E que a equipe da PF, inclusive os adidos, é escolhida pelo atual diretor-geral, Andrei Rodrigues.
Em outro decreto, Lula e Dino designaram a delegada Laura Villela Rosa Tacca para ocupar o posto. Ela substituirá, agora sim, Bunn — que foi diretor de gestão de pessoal da PF na gestão do ex-ministro da Justiça e atual senador Sergio Moro e estava em Madri desde 2020.