No momento em que o Brasil atingiu mais um recorde nefasto — o de mais de 4 mil mortes diárias por covid-19 — o Supremo Tribunal Federal se debruça nesta quarta-feira sobre uma questão que parecia já ter sido decidida há um ano: decretos estaduais ou municipais que proíbam a realização de atividades religiosas.
Os onze irão analisar uma ação apresentada pelo PSD contra decreto de São Paulo que instaurou medidas de restrição para conter o coronavírus. O relator, ministro Gilmar Mendes, negou o pedido do partido e manteve as proibições, mas pela delicadeza do tema, mandou o assunto para o plenário.
Na realidade, a Corte se viu obrigada a deliberar sobre o assunto depois que o ministro Nunes Marques deu uma liminar no último sábado liberando as igrejas a descumprirem as determinações locais para conter o coronavírus e fazerem, assim, cultos e missas presenciais.
A decisão do novato causou perplexidade entre os ministros e confusão entre governadores e prefeitos, uma vez que o tribunal declarou estados e municípios competentes para adotarem as medidas restritivas ainda em — e o assunto parecia pacificado.
Nos bastidores, a expectativa é de que o julgamento seja recheado de fortes mensagens não só a Nunes Marques, mas sobre a “postura negacionista” que nos trouxe até aqui.
Não é para menos. No último Boletim Extraordinário do Observatório Covid-19, publicado ontem, a Fiocruz faz um apelo por medidas de bloqueio de circulação com pelo menos 14 dias de duração para que o Brasil possa sair da cova coletiva em que se meteu.
Entre as medidas de bloqueio propostas pelos pesquisadores estão a proibição de eventos presenciais, como shows, congressos e…atividades religiosas.
“Coerência e convergência são fundamentais neste momento de crise para que as medidas de bloqueio sejam efetivamente adotadas de forma a sair do estado de colapso de saúde e progredir para uma etapa de medidas de mitigação da pandemia, diminuindo o número de mortes, casos e taxas de transmissão e efetivamente salvando vidas”, afirmam.
Leia também:
- O que esperar do julgamento no STF sobre cultos na pandemia.
- Brasil registra mais de 4.000 mortes por Covid-19 nas últimas 24 horas.
- Fiocruz defende medidas de bloqueio para conter propagação da Covid-19.
- 689 milhões de doses de vacinas para Covid-19 já foram administradas.
- O cenário “Cachinhos Dourados” do chefe do JP Morgan.
- Os novos banqueiros da era digital na lista de bilionários da Forbes.