Os serviços de saúde foram os mais impactados pelo fluxo migratório de venezuelanos ao Brasil, aponta um relatório do Ipea divulgada ontem. O documento registra o déficit de leitos, a ausência de equipamentos como tomógrafos e mamógrafos e a falta de medicamentos e insumos básicos, como gases, agulhas e paracetamol. A falta de profissionais atuando na região, sobretudo em Roraima, foco da pesquisa, também é destacada pelo órgão. Há ainda o “perigo” da reintrodução de doenças já erradicadas no país, como foi o caso do sarampo, em 2018.
Os pesquisadores também mediram os impactos na educação, moradia, trabalho, comércio, energia e mobilidade. No caso da segurança pública, “é notória a vulnerabilidade de venezuelanos a situações de violência, abuso, exploração sexual, discriminação, contrabando de pessoas e exploração. Ao mesmo tempo que existe sensação de insegurança generalizada por parte da população local”, registraram. O órgão faz pesquisas de campo desde 2015 em Boa Vista e Pacaraima, cidades que recebem o maior número de migrantes do país vizinho.
No rol de sugestões, o Ipea cita a Lei de Migração e afirma que, “se, por um lado, existem esforços para o reconhecimento e a facilitação da inserção de refugiados, por outro lado, há iniciativas que visam dificultar o acesso de migrantes e refugiados a serviços públicos” no Brasil.
O documento, que mostra os efeitos antes e depois do fechamento da fronteira, em 2016 e 2017, faz parte do projeto “A Política Nacional de Desenvolvimento Regional (PNDR) e a Faixa de Fronteira”.