Com a revelação do relatório da Polícia Federal (PF) sobre o caso Marielle Franco de que acusados pelo assassinato pesquisaram vários nomes do PSOL antes de definir a vereadora como alvo, o deputado Tarcísio Motta vê indícios de que os irmãos Brazão representam uma “ameaça ao funcionamento da legenda” e queriam “calar o grupo político que podia interferir em seus projetos econômicos”.
O parlamentar afirma que está à espera da apresentação de denúncia pela Procuradoria-Geral da República (PGR) ao STF para esclarecer por que, muito antes de Ronnie Lessa fazer os disparos contra Marielle e seu motorista Anderson Gomes, o ex-PM Edmilson Oliveira da Silva, conhecido como Macalé, pediu que o executor do crime buscasse informações sobre figuras do PSOL.
Nos aparelhos de Lessa, a PF encontrou registros de pesquisas sobre o deputado Chico Alencar, o ex-vereador Renato Cinco e a filha do hoje presidente da Embratur, Marcelo Freixo, que à época estava filiado ao PSOL. O relatório da investigação também menciona buscas pelos nomes do próprio Tarcísio e do suplente de vereador Pedro Mara.
Segundo Tarcísio, Cinco era, à época, o vereador que mais discutia as pautas urbana e fundiária na Câmara Municipal carioca, onde foi colega do hoje deputado federal Chiquinho Brazão – a Polícia Federal aponta as ações de Marielle contra o domínio territorial e imobiliário das milícias como um dos motivos para a ordem para matá-la.
“Não tira todo o elemento de que, ao decidir assassinar Marielle Franco, tenha sido um cálculo permeado de machismo, racismo, mas há uma escolha anterior que é decidir matar alguém do PSOL”, afirma Tarcísio.
“Nós estamos esperando que a denúncia da PGR abra o restante dos arquivos para entender isso e solicitar (uma providência) ao ministro Alexandre de Moraes, (até para) cobrar do Estado brasileiro uma resposta porque é uma ameaça ao funcionamento de uma legenda”, acrescenta.
Pré-candidato a prefeito do Rio, Tarcísio promete questionar seus adversários, inclusive o postulante à reeleição, Eduardo Paes (PSD), sobre o crescimento político e territorial das milícias. “A milícia está fortalecida hoje no Rio porque existe um marco de poder do qual os últimos prefeitos e governadores fizeram parte”, diz o deputado.