O ex-presidente Lula (PT) subiu o tom das críticas contra Jair Bolsonaro (PL) nesta segunda-feira e questionou a compra de dezenas de imóveis em dinheiro vivo pela família do atual presidente.
O caso foi revelado na última semana pelo UOL e, embora as transações com dinheiro em espécie não sejam ilegais, acendem o alerta sobre a possibilidade de lavagem de dinheiro.
“O que eu sei é que tem algo podre no ar. E é importante que essas coisas sejam investigadas. Porque quem não deve, não teme (…) Não é algo que se compra com salário de deputado. E essa gente, ao invés de ficar dizendo que é honesto, tem que se explicar para a sociedade brasileira”, disse Lula durante encontro com assistentes sociais, em São Paulo.
De acordo com a reportagem do UOL, os três filhos mais velhos, a mãe, cinco irmãos, duas ex-mulheres — além do próprio Bolsonaro — adquiriram um total de 51 imóveis comprados em dinheiro vivo desde a década de 1990.
Em valores corrigidos pela inflação, o montante investido na ampliação do patrimônio equivale hoje a quase 26 milhões de reais.
Estratégia da campanha de Lula
A campanha do ex-presidente decidiu explorar a farra dos imóveis nas inserções de Lula na propaganda eleitoral e nas redes sociais. Desde este final de semana, estão sendo veiculadas críticas ao chamado “escândalo tamanho família” dos bens adquiridos com dinheiro vivo.
Outra estratégia tem sido “minimizar” a pecha de “presidiário” — substantivo escolhido por Bolsonaro, por exemplo, para atacar Lula no debate presidencial da Band. Na ocasião, a prisão também foi motivo de ironia de Ciro Gomes (PDT).
Agora, sempre que o assunto é a detenção em Curitiba, Lula resgata o ex-presidente sul-africano Nelson Mandela, o ex-líder indiano Mahatma Gandhi e o pastor norte-americano Martin Luther King — estes dois últimos, perseguidos e assassinados. Já Mandela, após 27 anos preso, tornou-se o primeiro presidente da África do Sul enquanto democracia plena.
“Eu não me incomodo mais com o fato da minha prisão. O Mandela foi preso e saiu para ser presidente da República”, disse Lula ao Padre Júlio Lancelotti nesta segunda-feira.
“Gandhi foi preso e foi ele quem libertou um país, do tamanho da Índia, da Inglaterra. Depois mataram ele. Luther King foi preso e depois fez a luta que fez. E eu estou convencido de que aqui no Brasil vai acontecer a mesma coisa”, afirmou o petista.