A impaciência de Dilma Rousseff no trato com políticos não é inédita entre os mandatários brasileiros. Depois de uma reunião de Estado no Segundo Reinado (1840-1889), um entediado D. Pedro II colocou no papel seu descontentamento com conselheiros “que só desejavam mostrar eloquência e retórica”.
Como mostra a Revista de História da Biblioteca Nacional que chega às bancas na segunda-feira, o imperador carregou a pena nas críticas a seus interlocutores. Escreveu D. Pedro II, em um bilhete a seu amigo Marquês de Sapucaí:
– Todos querem ostentar conhecimentos, e por isso se leva uma manhã sem maior proveito. Parece-me que tirei 24 manhãs ao ano de trabalho, querendo empregá-las com utilidade para o meu Império. Logo previ, quando se falou do Conselho de Estado, que pouco farão 12 homens de pretensão, e de língua, que não pode estar imóvel. Tanta é a instrução, que transborda e encende de tal modo que não se pode tomar fé.
Durante os maçantes encontros com conselheiros do Império, Pedro II usava desenhos e rabiscos como distração.