Principal mostra de arquitetura, paisagismo e design de interiores da América do Sul, a Casa Cor abriu suas portas na terça, 21, novamente no Conjunto Nacional, uma localização que é a cara de São Paulo, um prédio icônico da arquitetura modernista brasileira com a Avenida Paulista aos pés.
O espaço de 9000 m2 que abriga 70 ambientes na 37ª edição do evento está menor que o do ano passado, mas praticamente não se percebe a diferença. Essa decisão de reduzir o tamanho teve como objetivo proporcionar aos visitantes a oportunidade de aproveitar mais a mostra e de forma mais leve, pois o circuito exige uma disponibilidade de, no mínimo, uma hora para apreciar todos os ambientes. Com menos trabalhos expostos, o visitante pode passar mais tempo em cada lugar.
O tema da atual edição é “De Presente, o Agora”, uma reflexão entre a tradição e a modernidade e de como as nossas decisões cotidianas impactam nas futuras gerações, além da presença marcante da diversidade cultural brasileira com toques de ancestralidade. A curadoria do evento deste ano é da presidente Lívia Pedreira, que entregou um evento lindo, organizado e surpreendente, com trabalhos de profissionais renomados e a grata presença de novos nomes que encheram os olhos de quem transitava por lá.
Visitar a Casa Cor é uma delícia de programa. Engana-se quem pensa que vai encontrar apenas insights e tendências de decoração e arquitetura. O evento é, na verdade, uma mostra de arte. Cada ambiente se supera na criatividade dos profissionais, que vão muito além de apresentar novas soluções para os espaços. O trabalho de Melina Romano, por exemplo, ultrapassa ao de um arquiteto: é uma obra de arte em uma experiência a partir de elementos visuais e sonoros que a casa comunica.
Já entramos no evento com as boas vindas da instalação em dois atos do artista e defensor dos direitos dos povos originários, o amazonense Denilson Baniwa e no início do circuito passamos pelos ambientes do catarinense Marcelo Salum e da arquiteta Cacau Ribeiro de Ribeirão Pret. Eles apresentam dois trabalhos amplos e bem coloridos que nos convidam a ficar por ali e não mais sair. Seguindo o mapa, nos deparamos com ideias que vão além dos cômodos tradicionais. A Casa Cor deste ano tem uma praça e até mesmo um terreiro com a instalação artística que leva a assinatura do arquiteto e designer à frente do Estúdio Tarimba, Alexandre Salles. A ancestralidade e a religião estão presentes em muitos trabalhos dos profissionais, não é raro encontrar imagens de orixás e santos católicos ao longo da visita.
Navegando sobre ancestralidade e memória, o arquiteto de Praia Grande, no litoral de São Paulo, Gabriel Fernandes, nos apresenta um dos ambientes mais incríveis do evento, tomado por 2500 tijolos instalados no em todo teto e paredes. Ali, ele desenhou suas lembranças de infância, homenageando a avó que morava no interior em uma casa caipira nada convencional.
Como reza a tradição do evento, arquitetos renomados também estão presentes, entre eles Rosa May Sampaio. Ela assina com maestria um ambiente impecável e elegante nos detalhes.
Uma novidade da atual edição é a funcionalidade na nova versão do aplicativo Casa Cor, a realidade aumentada, pela qual é possível ter as informações completas nas peças expostas apenas com a fotografia. O aplicativo também permite que se faça reserva em todos os espaços gastronômicos, uma facilidade para os visitantes. Outra novidade é o espaço coworking já no final do circuito, que pode ser utilizado de forma gratuita por todos os visitantes ou mesmo por quem estiver pelo Conjunto Nacional e precisar de um espaço funcional para trabalhar.
O evento teve o apoio de 130 patrocinadores que não estão necessariamente ligados ao universo da moradia. Vivo, JBS, Natura e Peugeot, por exemplo, são marcas que se fizeram presentes e apoiaram o trabalho de alguns profissionais. E, como é de praxe, ao final de todo passeio, encontramos as lojinhas. No mall da Casa Cor, a Livraria Unisaber tem uma seleção de livros de arte e arquitetura. A Gustavo Eyewear encanta com sua coleção de armações de óculos de grau e de sol feitas a mão, a Oficina Francisco Brennand retorna com sua seleção de cerâmicas maravilhosas e a estreia deste ano é da simpática loja da Feira na Rosenbaum.
É injusto trazer a referência de apenas alguns nomes, quando todos os profissionais e estúdios entregaram trabalhos inspiradores e muito bem executados esse ano. O evento está imperdível e pode ser visitado até o dia 28 de julho.