O bilionário francês Alex Allard ganhou os holofotes após inaugurar o empreendimento misto Cidade Matarazzo, que foi construído no espaço tombado onde funcionava o antigo hospital e maternidade Matarazzo, no bairro da Bela Vista, na capital paulista. O local passou a abrigar um mix de restaurantes de luxo, o hotel seis estrelas Rosewood e unidades residenciais, trazendo um novo jeito de incorporar e lançar projetos. A investida de Allard no Cidade Matarazzo foi uma aula para o mercado de como valorizar a história e resignificar os espaços dentro de uma metrópole.
Dois anos depois da empreitada, ele volta agora a movimentar o setor, mas dentro de uma outra proposta. A semente de seu novo empreendimento surgiu na época do Matarazzo. Desde 2011, quando comprou o terreno com parte da fortuna que acumulou na área de tecnologia, Allard tem planejado se tornar uma marca ligada à sustentabilidade. Por isso, nos últimos tempos, vem se mantendo atento e aprendendo constantemente sobre a cultura brasileira e as demandas no mundo para práticas de ESG, sigla em inglês para Environmental, Social and Governance (em português, “Ambiental, Social e Governança”). É um conceito que se refere a um conjunto de padrões e boas práticas que avaliam o desempenho de uma empresa em relação à sustentabilidade.
Por ser um homem cosmopolita, com residências em São Paulo, Paris e Estados Unidos, Allard percebeu como as questões ligadas ao meio ambiente ganharam um enorme protagonismo. O comprometimento com a sustentabilidade, sem ficar apenas no discurso de marketing, foi a inspiração para ele desenhar um novo projeto. O foco de clientes segue sendo na faixa de alta renda, dentro do conceito de um novo tipo de luxo, o luxo sustentável.
No início do projeto, tendo como ponto de partida a ideia de sustentabilidade e recursos financeiros suficientes no caixa para bancar uma nova obra, faltava um terreno onde Allard pudesse erguer o empreendimento. Depois de um tempo de pesquisa, o lugar escolhido acabou sendo na badalada Rua Oscar Freire, ao lado de um endereço onde o empresário quase incorporou um outro projeto, antes de optar pelo investimento da Cidade Matarazzo. Para Allard, não foi coincidência e, sim, obra do destino.
Por acreditar que o empreendimento tem um propósito tão relevante e significativo, o francês decidiu batizar o empreendimento com seu sobrenome. Com previsão de ter suas obras concluídas em 2028, o Edifício Allard pretende ser um marco para o mercado imobiliário de alto luxo no país. Apesar de não ter os valores das suas unidades divulgadas, seguindo a mesma estratégia na época do lançamento do Cidade Matarazzo, o empresário afirma que serão os apartamentos mais caros da cidade. Além da sua assinatura, outros nomes importantes estão no desenvolvimento desse projeto, como a construtora Gafisa, parceira no negócio, e o arquiteto Arthur Casas, um dos nomes mais em voga atualmente no cenário de luxo residencial.
O Allard terá uma torre única de 33 andares, na qual os oito primeiros pisos serão dedicados ao lazer, com dois restaurantes, uma boulangerie, SPA e livraria, todos abertos também ao público. Um dos restaurantes, inclusive, teve um investimento de 25 milhões de reais e será comandado pelo renomado chef Jean-Georges. Os andares seguintes são de unidades residenciais, com 17 apartamentos de 430 metros quadrados, dois duplex de 770m2 e uma cobertura tríplex de quase 1300m2. A inspiração do prédio é o Brasil, daí a escolha do arquiteto Arthur Casas, que tem em seus projetos uma combinação de natureza e urbanidade, utilizando madeira, paisagismo e concreto. Todos os materiais são brasileiros e usados de forma sustentável. “As madeiras e pedras locais foram selecionadas com rigor pelo próprio Alex Allard, após mais de 20 anos de pesquisa no Brasil,” diz Luis Fernando Ortiz, vice-presidente da Gafisa.