O universo da atuação das imobiliárias e corretores de imóveis no Brasil gravita em uma atmosfera de muita concorrência, às vezes até um pouco desleal, já que o próprio proprietário do imóvel pode fazer a venda, independente da intermediação de um profissional credenciado. Como é uma atividade que se remunera por meio da performance das vendas, cada cliente, cada cadastro de imóvel e cada proposta de negócio se tornam ativos importantes para os profissionais segurarem com  unhas e dentes.

Uma imobiliária estruturada no modelo tradicional conta com equipes próprias de corretores que são responsáveis por gerenciar toda essa demanda de cadastros de novos imóveis e atendimento aos clientes. Por contar com diversos profissionais, conseguem montar um bom portifólio de imóveis à venda no mercado e, assim, ofertam esse cardápio aos clientes interessados.  Porém, muitas vezes, essa lista de cadastros não é suficiente para atender às especificações e necessidades de um possível comprador. Nesse momento, é lançada mão de um artifício muito comum no mercado, que é a parceria entre profissionais e empresas imobiliárias. Ou seja, na falta de um imóvel no seu cadastro, recorre-se ao cadastro de parceiros e a comissão do negócio é dividia entre ambos.

A parceria imobiliária é uma estratégia essencial capaz de abrir portas para negócios que talvez não fossem possíveis de serem viabilizados de forma isolada. Os corretores de imóveis autônomos, que não estão dentro da operação de uma imobiliária, frequentemente recorrem a essa estratégia colaborativa. Pensando nisso, alguns negócios surgiram no mercado para profissionalizar a parceria e potencializar o sucesso das transações. Apesar de operarem em formatos diferentes, o objetivo é sempre o mesmo: compartilhar recursos, conhecimentos e oportunidades para que mais vendas possam ser realizadas. A ideia é possibilitar que profissionais autônomos ou pequenas imobiliárias, por meio desse trabalho compartilhado, tenham mais chance de acessar os imóveis disponíveis no mercado, oferecendo estrutura de backoffice e investimento em mídia.

Uma das formas colaborativas é a rede de franquias, que não chega a ser uma novidade, mas tem se mostrado bastante lucrativa, tanto para o franqueador, quanto para o franqueado. Grandes empresas do setor imobiliário como a Lopes e a Re/Max têm investido, cada vez mais, em ampliar sua rede e capilarizar ainda mais a sua atuação Brasil afora. A Re/Max, marca presente em diversos países e só tem o que comemorar com a presença em terras brasileiras. Ano passado, a Re/Max Brasil fechou 2024 com um crescimento de 24.5% e com mais de 21 mil imóveis vendidos. O volume de vendas foi de R$ 12,5 bilhões. Em 2025, a meta é chegar a R$ 14 bilhões comercializados. Para isso, a empresa vai contar com um esforço conjunto das suas mais de 600 franqueadas no Brasil.

Um outra frente que surgiu mais recentemente foi a união de pequenas e médias imobiliárias que têm atuação em mercados semelhantes. É o caso da MAPI em São Paulo, que é uma associação de imobiliárias que atuam no alto padrão na capital paulista. Apesar das empresas serem concorrentes, elas trabalham de maneira colaborativa, compartilhando seu portifólio de produtos. Atualmente fazem parte da MAPI cerca de dez imobiliárias, todas com um perfil de boutique de negócios. A ideia é manter uma associação com um número mais restrito mesmo, sem ambições de se tornarem grandes conglomerados de empresas.

Atuando com o mesmo propósito de união de esforços, surgiu em 2021 a proptech Pilar. Diferentemente dos outros negócios, ela apostou em um modelo voltado ao profissional de vendas, o próprio corretor de imóveis. A Pilar oferece uma estrutura completa com serviços de marketing, tecnologia, assessoria jurídica e comercial para uma rede de profissionais que atuam no mercado de luxo de São Paulo. A atratividade em participar dessa rede colaborativa está na comissão, pois a proptech cobra entre 10 e 15% sobre as vendas realizadas, um percentual bem abaixo das taxas médias de 60 a 70% praticadas entre as tradicionais imobiliárias. Atualmente, a Pilar conta com aproximadamente 200 colaboradores, entre profissionais autônomos e pequenas imobiliárias e tem como meta para esse ano, chegar na marca dos R$ 4 bilhões de vendas realizadas.

Parece que o mercado imobiliário está mesmo caminhando para uma união de esforços. Um movimento que lembra a letra da música do famoso cantor baiano Raul Seixas: “Sonho que se sonha só, é só um sonho que se sonha só, mas sonho que se sonha junto é realidade”.

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