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Real Estate

Por Renata Firpo Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Grandes negócios e tendências do mercado imobiliário. Renata Firpo é publicitária, consultora imobiliária e advogada pós-graduada em Direito imobiliário

O risco da informalidade nos negócios imobiliários

Corretores de imóveis são descartados em boa parte das negociações no país

Por Sergio Ruiz Luz Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 31 jul 2025, 17h12 - Publicado em 29 jul 2025, 10h59

Por muito tempo, o trabalho das imobiliárias e dos corretores de imóveis foi visto com certo desdém. Infelizmente, ainda hoje, muitos profissionais do setor enfrentam a desvalorização da sua função, como se vender ou alugar um imóvel fosse uma transação simples, quase automática. Na prática, a realidade é bem diferente. O corretor de imóveis lida com sonhos, investimentos de uma vida inteira, expectativas emocionais e uma série de responsabilidades jurídicas, técnicas e comerciais. Ele é o mediador entre duas partes que, quase sempre, chegam à negociação com dúvidas, inseguranças e necessidades específicas. Apesar disso, o reconhecimento nem sempre acompanha a complexidade envolvida nessa profissão.

De acordo com um levantamento realizado pela proptech israelense Propdo, 60% das transações imobiliárias no Brasil ocorrem sem a presença de um corretor. Isso revela não apenas uma lacuna no uso adequado dos serviços profissionais, mas também um cenário de informalidade que pode gerar insegurança para todas as partes envolvidas. A ausência de um profissional qualificado muitas vezes leva a problemas na documentação, avaliações incorretas de valor de mercado e negociações frágeis do ponto de vista jurídico. Em outras palavras, ao renunciar a presença de um corretor de imóveis, muitas pessoas acabam se expondo a riscos desnecessários.

Em países como os Estados Unidos, o cenário é diferente. 95% das transações imobiliárias são realizadas com a participação de um corretor de imóveis, segundo dados da Associação Nacional de Corretores (NAR) dos Estados Unidos. Lá, o corretor é parte indispensável de praticamente toda transação imobiliária. O mercado valoriza e exige sua participação, inclusive com certificações rígidas e estrutura de comissionamento bem estabelecida. O comprador e o vendedor entendem que o profissional está ali não apenas para “mostrar imóveis”, mas para representar interesses, assegurar que tudo ocorra dentro da legalidade e facilitar o caminho entre o desejo e a realização. Esse modelo, que alia tecnologia, transparência e valorização profissional, deve servir de inspiração para o Brasil.

Nos últimos anos, algumas iniciativas começaram a apontar nessa direção de transformação. Um exemplo é a Pilar, empresa criada em 2021 por Felipe Abramovay, Luiz Gilbert e Raphael Sampaio. três jovens paulistas com trajetória no mercado financeiro. A proposta deles é moderna: utilizar tecnologia, dados e processos automatizados para tornar a compra e venda de imóveis mais eficiente. No site da empresa, é possível ver a crítica ao que chamam de ineficiência do setor, afirmando que a venda de um imóvel pode levar até 16 meses e resultar em experiências frustrantes para compradores e vendedores. Essa visão, embora generalista, chama atenção para problemas reais que precisam ser discutidos e enfrentados. E muitas soluções passam por um novo olhar aos profissionais do setor.

A Pilar não é uma imobiliária como tradicionalmente conhecemos, pois a empresa não tem um time de vendas, com corretores ou mesmo um cadastro próprio de imóveis. A Pilar é uma espécie de guarda-chuva que abriga diversos corretores autônomos e imobiliárias que, juntos, compartilham seus cadastros de imóveis e recebem apoio jurídico, comercial e de marketing. Se fossem fazer individualmente, seria muito mais custoso ou mesmo, improvável. Na prática, funciona da seguinte forma: o corretor se associa à Pilar, por meio de um pagamento periódico e de um percentual sobre suas vendas e tem acesso aos imóveis de todos os associados, que podem ser vendidos diretamente ou dentro da parceria entre eles, além de contar com apoio jurídico e comercial oferecido pela empresa e de ferramentas de marketing e comunicação. Tudo isso de forma digital, através do aplicativo próprio que é constantemente aprimorado pela Pilar.

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Parece que o formato deu certo. Hoje a Pillar conta com quase 800 associados, entre corretores autônomos e profissionais das imobiliárias cadastradas, e com nomes famosos como a atriz Mylla Christie e o stylist Yan Acioli, que recentemente fizeram parte do time. Esse ano a operação se estendeu para Curitiba, Paraná, onde conta com mais de 70 profissionais e mais de 100 milhões de vendas realizadas nesses sete meses de operação.

Para seus associados, que são chamados de “marcas” pela empresa, os maiores atrativos da Pilar são o da real independência, a parceria com outros profissionais e compartilhamento de investimentos. Os sócios, porém, reforçam que, por mais que exista uma ampla liberdade das marcas para trabalharem, se não estiverem performando, são excluídas da operação, já que a manutenção dos profissionais e imobiliárias na empresa exige uma demanda que custa bastante.

É positivo que surjam empresas com propostas novas, dispostas a questionar o que não funciona e a propor alternativas. Iniciativas assim têm o mérito de provocar movimento em um setor que, por muito tempo, resistiu à inovação. Modelos como a da Pilar podem, sim, contribuir para melhorar a jornada do cliente, organizar informações, reduzir burocracias e tornar o processo mais ágil e transparente.

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No entanto, é fundamental compreender que tecnologia e plataformas, por si só, não substituem o papel do corretor e tampouco os modelos tradicionais não devam ser reconhecidos e valorizados.  A atuação humana continua sendo essencial, especialmente quando falamos de imóveis, que são bens de alto valor e envolvem escolhas profundamente pessoais. Um bom corretor oferece orientação, análise de mercado, segurança jurídica, sensibilidade para entender perfis e necessidades, além de uma presença que transmite confiança.

Independentemente se os profissionais estão sob uma marca ou integrados a uma imobiliária, o importante é o reconhecimento deles como peças fundamentais na engrenagem do mercado imobiliário, que hoje é um dos vetores de mais crescimento e segurança na economia brasileira.

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