As pessoas têm todo o direito de se enganar e de se deixar enganar por espertos, idiotas ou pilantras. É da vida. Venham cá: quem está disposto a apurar irregularidades na campanha eleitoral de Dilma Rousseff manda investigar a atuação de Antonio Palocci em 2010??? Ora… Não que o rapaz não possa ter cometido uma penca de lambanças. No seu caso, parece haver mais do que um método; parece haver algo parecido com uma compulsão também. Que tudo seja posto em pratos limpos, né? Mas por que não mandar apurar o que se fez em 2014?
A petição que diz respeito a Palocci, a 5.263, chega a ser cômica. Tem apenas oito páginas. Duas delas são dedicadas a explicar por que a presidente da República não pode ser investigada, na vigência de seu mandato, por atos estranhos ao exercício do cargo.
Assim, se Palocci cometeu alguma irregularidade para eleger Dilma Rousseff, conforme está na petição, ela não pode ser responsabilizada porque, afinal, não era presidente então. Como, agora, ela é, a coisa fica em suspenso até que deixe o cargo. ISSO ESTÁ NA CONSTITUIÇÃO? ESTÁ!!! O MINISTÉRIO PÚBLICO ESTÁ MENTINDO? RESPOSTA: NÃO!!!
Mas por que não se investigam, então, as doações de 2014, quando Dilma já era presidente? Parece que o empreiteiro Ricardo Pessoa tem o que dizer a respeito. Até porque, amiguinhos, a menos que se operem alguns milagres na produção de provas, a chance de Palocci escapar com os pés nas costas é enorme. Por que digo isso?
Paulo Roberto Costa diz, em um dos depoimentos, que Palocci pediu R$ 2 milhões para a campanha de Dilma em 2010. Leiam:
Como se nota, o encarregado de liberar a grana, segundo o depoimento, era Alberto Youssef. Só que o doleiro, que já confessou coisa bem mais cabeluda, nega que isso tenha acontecido, como se verifica abaixo.
Palocci não tem por que ficar muito tenso, podem acreditar, mesmo com os autos sendo enviados à 13ª Vara Federal de Curitiba. A menos que tenha assinado algum recibo, o que não costuma acontecer nessa área…
Pedir a investigação desse caso é só uma forma de simular rigor, dando a entender que tudo está sendo investigado no limite do possível, doa a quem doer — desde, claro!, que não doa na presidente da República. Mas note, leitor: você tem todo o direito de se deixar enganar.