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Reinaldo Azevedo

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Blog do jornalista Reinaldo Azevedo: política, governo, PT, imprensa e cultura

A greve dos petroleiros, o PT, o PSOL e os dinossauros. Ou: Sem voto, o PSOL sempre está onde o caos e o atraso se anunciam

Vocês viram que os petroleiros decidiram deflagrar uma greve com ocupação de plataformas refinarias, bloqueio de estradas. Sei. Então vamos a alguns detalhes que fazem a diferença. Os petroleiros têm hoje duas federações: a tradicional FUP (Federação Única dos Petroleiros), ligada à CUT, que é petista, e a FNP (Federação Nacional dos Petroleiros), que foi […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 05h10 - Publicado em 17 out 2013, 23h29

Vocês viram que os petroleiros decidiram deflagrar uma greve com ocupação de plataformas refinarias, bloqueio de estradas. Sei. Então vamos a alguns detalhes que fazem a diferença. Os petroleiros têm hoje duas federações: a tradicional FUP (Federação Única dos Petroleiros), ligada à CUT, que é petista, e a FNP (Federação Nacional dos Petroleiros), que foi fundada em 2010 e, atenção!, é comanda pela turma do PSOL. São filiados à FNP os seguinte sindicatos: Sindipetro AL/SE, Sindipetro-LP, Sindipetro-PA/AM/MA/AP e Sindipetro-SJC. Quem lhe garante efetivo poder se fogo é o primeiro: esse “LP” quer dizer “Litoral Paulista”. Se a FUP é ligada ao petismo, a FNP é filiada à CSP-Conlutas, central sindical comandada por PSOL e PSTU. E isso explica ao menos uma das reivindicações dos petroleiros, justamente a mais estúpida: a suspensão do leilão de Libra.

Assim, entendam o seguinte: a petista FUP decidiu se juntar à psolenta FNP para não ser, como se dizia no meu tempo, superada pela esquerda. A FNP acusa a FUP de pelega. E só porque o mundo é engraçado, e a estupidez é a mais imodesta das arrogâncias — e, pois, não têm limites —, há grupos ainda à esquerda do PSOL e do PSTU que já acusam a própria FNP de desvio conservador… O mais inteligente deles ainda acusará Lênin de reacionário e contrarrevolucionário… Sigamos.

Fosse pela vontade da FUP apenas, não haveria a palavra de ordem contra o leilão de Libra. O que o PT queria nessa área já conseguiu: mudar o regime de concessão pelo de partilha. Foi uma troca que já se mostrou infeliz, mas que garante, na cabeça dos petrossauros, o controle sobre o petróleo — o de concessão garantiria igualmente porque a questão é constitucional, mas não entro agora em minudências. Existir, como se faz agora, a suspensão do leilão porque isso seria entregar as riquezas nacionais ao capital internacional é uma estupidez rematada. Muito bem: se o Brasil não pode contar com capital estrangeiro — sempre em associação com a Petrobras — para explorar o pré-sal, vai contar com o quê? Só com recursos próprios? Não só deixaríamos, como país, de receber investimentos como ainda teríamos de torrar dinheiro do Tesouro no custeio da exploração (se houvesse tecnologia, claro).

Trata-se de uma reivindicação à altura da sofisticação do pensamento de PSOL e PSTU. A FUP entrou nessa sem entusiasmo. Prefere se concentrar no pedido de reajuste, de 16,5%.

Memória
O PT instrumentalizou os petroleiros na sua luta insana contra o governo FHC. Em 1995 , organizou uma greve, por intermédio da CUT, que ameaçou parar o país. O governo teve de recorrer a forças federais para impedir o caos. No site da CUT, ainda se encontra esta maravilha de texto, publicado em 2010, por ocasião dos 15 anos da greve. Leiam. Volto em seguida.
*
Há 15 anos, no dia 3 de maio, os petroleiros iniciavam a mais longa greve da história da categoria. Uma greve de 32 dias, que tornou-se o maior movimento de resistência da classe trabalhadora à política neoliberal e entreguista do PSDB e do DEM (então PFL). Uma greve que foi fundamental para impedir a privatização da Petrobrás e, assim, evitar que Fernando Henrique Cardoso aplicasse no Brasil o mesmo receituário que levou a Argentina à falência, principalmente, em função das privatizações de todas as estatais de energia e petróleo.

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Durante a greve de maio de 1995, os petroleiros resistiram às manipulações e repressões do governo e à campanha escancarada da mídia para tentar jogar a população contra a categoria. Milhares de trabalhadores foram arbitrariamente demitidos, punidos e enfrentaram o Exército, que, a mando de FHC, ocupou com tanques e metralhadoras as refinarias da Petrobrás. A FUP e seus sindicatos foram submetidos a multas milionárias por terem colocado em xeque os julgamentos viciados do TST, que decretou como abusiva uma greve legítima e dentro da legalidade. Além de ter impedido a privatização completa da Petrobrás, como queriam os tucanos e demos, a greve de maio de 95 despertou um movimento nacional de solidariedade e unidade de classe, fazendo ecoar por todo o país um brado que marcou para sempre a categoria: “Somos todos petroleiros”.
(…)

Voltei
O texto se assenta numa mentira essencial. Jamais houve esforço, intenção ou manifestação tênue que fosse em favor da “privatização da Petrobras”. Era só uma mentira que servia à luta política. A terrível “repressão” a que se refere a CUT consistia num conjunto de medidas para impedir que os petroleiros paralisassem o país. Se a greve de agora tomar a mesma proporção, é o que fará o governo Dilma. Mas duvido um pouco. A esta altura, a FUP deve estar empenhada em dar um jeito de manter o movimento, mas não muito…

O PSOL, o caos e a falta de voto
Encerro chamando a atenção dos leitores para uma questão: o PSOL não tem voto, como se sabe. Mas conta com alguns queridinhos da imprensa, como Marcelo Freixo, Chico Alencar e Jean Wyllys. No movimento sindical e no movimento estudantil, é possível ser poderoso sem voto. Basta tomar o aparelho em eleições viciadas, a que comparecem apenas militantes.

É por isso que a legenda está por trás do caos promovido no Rio pelo sindicato dos professores, da invasão da Reitoria da USP e, agora, da greve dos petroleiros. Nesse caso, os petistas estão juntos, sim, mas quem garante a ala heavy metal da mobilização é o PSOL.

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