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Reinaldo Azevedo

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ANÁLISE DO DEBATE EM SP 2 – Doria não faz concessões a tribos; Erundina avança contra Marta

Peemedebista teve o segundo melhor desempenho; embora com bastante tempo, Russomanno não diz a que veio

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 30 jul 2020, 21h42 - Publicado em 30 set 2016, 08h25

O debate da noite de ontem e começo desta madrugada não fugiu muito ao que se vê e ouve em circunstâncias assim. Há aquele impressionante festival de promessas do qual ninguém escapa. Por isso, não vou aqui me dedicar a minudências do que cada um disse — vale dizer: se a promessa pode ou não ser cumprida. Isso requereria escrever um outro programa de governo. Procedo a uma análise de discurso.

Doria fez, como chamou atenção um amigo no WhatsApp, uma intervenção sem concessão a tribos e às obsessões politicamente corretas. Aliás, construiu a sua bem-sucedida campanha assim. Moradia? Nada de condescender com invasores. E vai fazer convênios com os governos estadual e federal. Pichadores e vândalos? É caso de polícia. Cracolândia? Fim do programa Braços Abertos e adesão ao programa Recomeço, que prevê a internação de viciados. Obras? Parcerias com o setor privado, sem medo de ser chamado de “privatista” — como, aliás, foi. Pancadão na periferia? É contra. Tem de acabar. A cada tema, e foram os mais diversos, procurava enumerar propostas, fugindo da questão meramente adjetiva.

Foi alvo da fúria de Luiza Erundina (PSOL), que prova, que prova, aos 81 anos, que desonestidade intelectual não tem idade. Foi, de longe, a que teve o desempenho mais indigente. Conseguiu superar, na ruindade, o tal Major Olímpio (SD), aquele que se dedica a dizer o tempo inteiro o que os outros fazem de errado sem conseguiu deixar claro o que ele próprio faria de certo.

A candidata do PSOL resolveu fazer um confronto ideológico com Doria, acusando-o de ser privatista, lobista e defensor do estado mínimo. O ataque deve ter feito um sucesso imenso entre os militantes de seu partido. O tucano não se alterou. Disse que respeitava a trajetória da oponente, mas que pensavam coisas diferentes. Ela gostava do estado grande e ineficiente, e ele, do estado enxuto. Adivinhem quem falou a mais gente.

Marta estava afiada nas críticas à Prefeitura. Enrolou-se na altercação com Haddad sobre a inspeção veicular. No mais, fez uma dobradinha com Doria — que também bateu bola com Russomanno —, usando as três perguntas que fez ao peessedebista para expor o o próprio programa. Sentindo que o tom não era hostil, o tucano chegou a elogiar suas propostas mais de uma vez.

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E foi contra a petista que Erundina deu o seu. Indagou o que a adversária achava da reforma do ensino médio, proposta pelo governo Temer, como se fosse essa uma questão relevante para a cidade. Não é. Não contente, quis saber o que a outra pensava em fazer em favor do emprego. Marta expôs suas propostas e teve de ouvir que o desemprego era derivado do modelo recessivo de Temer, do “seu presidente ilegítimo”. Marta contra-atacou: a responsável pela crise é Dilma. Ah, sim: Russomanno perguntou à psolista como ela atuaria no caso da regularização das propriedades. Ela deu a entender que, antes, é preciso fazer reforma agrária e urbana. Entendi que a coisa é assim: primeiro a revolução, depois a solução. Deus meu!

Embora pouco acionado, Haddad conseguiu ser bem-sucedido num embate contra Russomanno, que cismou com um tal “cartão magnético” da saúde, que traria um chip, com todas as informações sobre o paciente. O prefeito respondeu que a tecnologia é velha e que já existe a nuvem — basta uma senha de acesso. E tem razão nesse particular. Mas o prefeito, parece, foi vítima das próprias obsessões ao fazer uma defesa incandescente da redução da velocidade nas marginais e dos radares móveis — que, obviamente, remetem às multas. Convenham: para quem teve tão pouco tempo, não foi a coisa mais inteligente a fazer.

Chamado para a contradança por Haddad, que lhe dirigiu três das quatro perguntas, Russomanno não quis conversa com seus eventuais competidores. Dirigiu duas perguntas a Erundina, uma ao Major Olímpio, que lhe fez outra, e uma a Doria, que também devolveu. Não foi um embate, mas uma troca de gentilezas.

Não é preciso juízo de valor nenhum para concluir que o embate foi amplamente favorável a Doria, até em razão dos números, que já expus aqui. Marta vem atrás, seguida por Haddad. Russomanno, ao lado da peemedebista, teve o segundo tempo do debate. E não disse a que veio. Major Olímpio é um exímio apontador de problemas. Ele só parece um tanto descrente das soluções.  E Erundina ainda acha que ou se escolhe o socialismo ou barbárie. Ela vai de socialismo, está claro. Começou a campanha com 10%, ganhou visibilidade e já estava com 5% até ontem.

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Texto publicado originalmente às 6h
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