Fortaleça o jornalismo: Assine a partir de R$5,99
Imagem Blog

Reinaldo Azevedo

Por Blog Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Blog do jornalista Reinaldo Azevedo: política, governo, PT, imprensa e cultura
Continua após publicidade

Debate em São Paulo: a dobradinha de Skaf, o empresário que não tem empresa, com Padilha, o petista que não é trabalhador. Ou: A união exótica do não capital com o não trabalho

A TV Globo realizou ontem o debate final — antes do primeiro turno — entre os candidatos aos governos dos Estados. Assisti, é evidente, ao de São Paulo. Pois é… A ditadura ainda em vigência da Lei Eleitoral obriga a que se tratem em pé de igualdade os que podem ser eleitos e aqueles que […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 02h58 - Publicado em 1 out 2014, 07h15

A TV Globo realizou ontem o debate final — antes do primeiro turno — entre os candidatos aos governos dos Estados. Assisti, é evidente, ao de São Paulo. Pois é… A ditadura ainda em vigência da Lei Eleitoral obriga a que se tratem em pé de igualdade os que podem ser eleitos e aqueles que dão traço nas pesquisas. É um absurdo que as TVs e as rádios sejam impedidas de confrontar as ideias, opiniões e propostas dos que efetivamente têm alguma chance de vencer a eleição — e o mesmo vale para a disputa presidencial.

Em São Paulo, participaram do embate oito candidatos: além do tucano Geraldo Alckmin, do peemedebista Paulo Skaf e do petista Alexandre Padilha, havia lá mais cinco candidatos de si mesmos: Walter Ciglione (PRTB), Gilberto Natalini (PV), Gilberto Maringoni (PSOL) e Laércio Benko (PHS). Um show de horrores e, com frequência, de picaretagem política — e não só dos nanicos.

Na verdade, foi a frente dos “seis contra um”. Exceção feita a Ciglione, que não participou da tropa, todos os outros se uniram para atacar Alckmin e o governo de São Paulo. E o fizeram com tal fúria que o resultado pode ter sido contraproducente. Chegava a ser engraçado ver Skaf e Padilha a implorar a chance de um segundo turno para que possam, nas suas palavras, governar o estado mais dinâmico do país etc. e tal. Mas como pode haver alguma qualidade nas terras paulistas se, segundo eles próprios, tudo por aqui está errado?

Skaf e Padilha estavam mais afinados do que O Gordo e o Magro. Um é presidente licenciado da Fiesp sem ser empresário, e o outro é membro do PT sem ser trabalhador. Assim, deu-se a união da falta de capital com a falta de trabalho. Coisa que não pareceu espantar Maringoni, o socialista do PSOL mais ortodoxo do que embalagem de Emulsão Scott

Ter de ouvir um petista e um peemedebista a dar aula de combate à corrupção depois do que sabemos da Petrobras, controlada pelo PT e pelo PMDB, é para estômagos fortes. Ouvir de Padilha lições sobre segurança pública — dados os desastres colhidos na área por seu partido no país e nos Estados em que é governo — seria de gargalhar não fosse o tédio.

Continua após a publicidade

E o tal Laércio Benko, de uma legenda chamada PHS? Resolveu atacar a Sabesp, que, segundo ele, distribuiu dividendos aos acionistas, em vez de investir em água. É uma afirmação tecnicamente estúpida. A empresa é uma Sociedade Anônima. Graças a Deus, está na Bolsa e é cobiçada por investidores, o que lhe garante recursos para investir — o mesmo acontece com outras empresas públicas de capital aberto. Parte desses dividendos, diga-se, vem para o próprio governo, que os reinveste. Maringoni, o esquerdista, claro!, pegou carona na bobagem — afinal, ele é um socialista. Mas Padilha e Skaf fizeram o mesmo. E eles sabem que se trata de uma asnice. Mas e daí? Era o vale-tudo.

A nota surrealista, no entanto, era outra: era estupefaciente ver a tropa toda a sustentar que, naquela hora, faltava água na torneira dos paulistas. E, como é sabido, não faltava. Das 1.200 cidades com crise de abastecimento no país, só oito estão no Estado — em áreas em que a Sabesp não atua. Uma delas é Guarulhos, cujo sistema é municipalizado. A cidade é administrada pelo PT há 14 anos.

E a nota que ultrapassou o limite do escândalo factual foi dada por Padilha. Segundo o petista, o sistema de concessões de estradas do governo federal é superior ao vigente em São Paulo. É mesmo? Atenção! Este estado tem 9 das 10 melhores rodovias do país. Querem mais? Nada menos de 93,7% dos 6.252 km sob concessão privada foram considerados ótimos ou bons em 2013; 6% foram tomados como regulares, e apenas 0,3% eram ruins. Esses números são meus? Não! Da CNT, a Confederação Nacional dos Transportes.

Já o governo federal tentou três marcos regulatórios para fazer suas concessões e deu com os burros n’água. Conseguiu juntar o ruim ao desagradável: antes, havia estradas federais com buraco e sem pedágio. Hoje, existem estradas com buraco e com pedágio.

Continua após a publicidade

Segundo todas as pesquisas, Alckmin venceria hoje a disputa no primeiro turno. Acho que o debate demonstrou por quê.

Texto publicado originalmente às 4h14
Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 5,99/mês*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (equivalente a 9,98 por revista)

a partir de 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.