Os defensores da realização de novas eleições — basicamente os aloprados de Dilma e da Rede — julgam ter ganhado um fôlego novo com a divulgação do conteúdo da delação de Sérgio Machado. Ela estaria a evidenciar que também Michel Temer não reuniria condições para governar o país.
A mais animada, claro!, é Dilma Rousseff. Ela só precisa conquistar certo entendimento junto aos esquerdistas para que estes adiram de vez à proposta de um plebiscito, com posterior realização de eleições diretas.
A CUT já dá algumas piscadelas para a ideia, mas exige a proposta de uma Constituinte exclusiva para fazer a reforma política. É difícil saber o que é mais irresponsável.
Ao acenar com novas eleições, a Afastada julga que conseguirá mudar algumas opiniões no Senado. Se, no julgamento, não houver 54 votos a favor do impeachment, Dilma volta ao poder, ainda que tenha zero voto.
Muito bem! Digamos, só por hipótese, que isso acontecesse e que ela cumprisse a promessa de atuar em favor de novas eleições. Para tanto, ela teria de renunciar. Ocorre que Temer, que voltaria a ser vice, seria obrigado a fazer o mesmo. Afinal, em caso de algum impedimento da titular, é ele o substituto constitucional. Basta que não faça, acabou a ideia de jerico.
Se essas duas coisas acontecessem, plebiscito e emenda seriam desnecessários porque a Constituição já prevê eleição — direta ou indireta, a depender de quando ocorre o duplo afastamento.
Não! A delação de Machado, na forma como veio, por enquanto, só tende a aumentar o baguncismo. Quem acha que, agora, uma nova eleição seria a saída é bem mais imprudente do que imagina.
Ademais, para que fosse feita, seria preciso rasgar a Constituição.