Por Raul Juste Lores, na Folha
O Irã vai hoje às urnas em eleições que o Ocidente acompanha com atenção na expectativa de que uma derrota do presidente conservador Mahmoud Ahmadinejad impulsione a política de reabertura diplomática do governo Barack Obama, que até aqui encontrou pouco eco vindo de Teerã.
Segundo vários analistas ouvidos pela Folha, o candidato reformista Mir Hossein Mousavi, 67, é o favorito para vencer hoje o primeiro turno das eleições iranianas -se nenhum candidato superar 50% dos votos haverá segundo turno na sexta que vem. Além de Mousavi e Ahmadinejad, há outros dois candidatos (veja quadro).
À falta de pesquisas confiáveis, os especialistas falam da enorme campanha popular -nas ruas e na internet – a favor de Mousavi e dos efeitos combinados de inflação, alta no desemprego e desaceleração econômica por conta da queda dos preços de petróleo.
Mas a maior ameaça ao favoritismo de Ahmadinejad, que era tido como praticamente reeleito até o mês passado -desde a fundação da República Islâmica do Irã, em 1979, todos os presidentes se reelegeram-, é a divisão na liderança religiosa do país.
Conservadores e reformistas se atacaram como nunca antes, e sobraram cobranças para que o aiatolá Ali Khamenei, líder supremo do país, intervenha.
Ontem, quando qualquer ato de campanha foi proibido no chamado dia de reflexão, abundavam boatos em Teerã sobre consultas a Khamenei, que controla as Forças Armadas, a mídia estatal e o Poder Judiciário e que está acima do presidente na hierarquia nacional.
Falava-se de uma longa reunião de última hora com Khamenei do ex-presidente Akbar Hashemi Rafsanjani (1989-1997) -desafeto de Ahmadinejad depois de ser acusado por este de “ter se enriquecido com a política”.
Também se fala muito que Ahmadinejad tentou uma última reunião, sem sucesso, com Khamenei. Apesar da excitação eleitoral que toma conta do país, pouca gente acredita que o resultado das urnas será mesmo respeitado se não tiver a aprovação do líder supremo. Aqui