LIVROS INADEQUADOS EM SP JÁ SÃO 0,7% DO TOTAL…
O Programa Ler e Escrever, da Secretaria de Educação de São Paulo, contava com 817 títulos. A militância anti-Serra (*) da imprensa e do movimento sindical prestou um serviço, sem dúvida, à educação: descobriu que dois deles — 0,24% — eram inadequados à faixa etária a que se destinavam: “Dez na Área, Um na Banheira e […]
O Programa Ler e Escrever, da Secretaria de Educação de São Paulo, contava com 817 títulos. A militância anti-Serra (*) da imprensa e do movimento sindical prestou um serviço, sem dúvida, à educação: descobriu que dois deles — 0,24% — eram inadequados à faixa etária a que se destinavam: “Dez na Área, Um na Banheira e Ninguém no Gol” e “Poesia do Dia – Poetas de Hoje para Leitores de Agora” (Editora Ática). Fez-se um escarcéu danado, como se o governo do estado estivesse incentivando a pornografia ou como se os milhões de alunos tivessem tido acesso aos livros, o que é mentira. Nada disso aconteceu. Mas até o Ministério Público se mobilizou.
Os petistas pautadores de jornalistas e os jornalistas prestadores de serviço dos petistas, reitero, fizeram bem em apontar a inadequação. Levou a secretaria a reavaliar os 817 livros. Quatro outros títulos foram considerados inadequados aos propósitos a que se destinavam, a saber:
– “Um Campeonato de Piadas”, de Laerte Sarrumor e Guca Domenico, da editora Nova Alexandria, por conteúdo preconceituoso;
– “O Triste Fim do Menino Ostra e Outras Histórias”, de Tim Burton, da editora Girafinha, por inadequação para a faixa etária;
– “Memórias Inventadas – A Infância”, de Manoel de Barros, da editora Planeta, das salas do Programa de Recuperação Intensiva da quarta série, por inadequação para a faixa etária;
– “Manual de Desculpas Esfarrapadas: casos de humor”, de Leo Cunha, editora FTD, das salas do Programa de Recuperação Intensiva da quarta série, por inadequação para a faixa etária.
Contagem regressiva
Inicio agora a contagem regressiva para ver quanto tempo vai demorar para que o mesmo grupo ideológico que “denunciou” a inadequação acuse, agora, a censura. “Como? Até Monoel de Barros entrou na lista?” É, a depender da faixa etária, Manoel de Barros também pode ser inadequado. Até a Bíblia pode ter lá os seus problemas. Até agora, dos 817 livros distribuídos, então, 0,7% já são considerados inadequados.
A Secretaria de Educação vai inaugurar, no dia 3 de junho, no Salão Nobre da Secretaria da Educação, a mostra “Ler e Escrever – Acelerando o Aprendizados das Crianças”, com os 99,3% dos livros nos quais não se encontrou, até agora, nada que ofenda a moral e os bons costumes dessa gente vigilante.
Hein? Há um tom, assim, um tantinho cínico no meu post? Não brinquem… Vocês sabem como gosto desse tema de livros didáticos e paradidáticos. Eu me considero um dos pioneiros nesse debate. Voltarei a ele certamente. Ô se voltarei.
(*) Ah, sim: por que me referi à militância “anti-Serra”? Porque só isso explica que se usem, nos jornais, expressões como: “A secretaria de educação de Serra…” Por acaso alguém diz coisas como “O Ministério da Justiça de Lula”? Não que eu saiba.