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Reinaldo Azevedo

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Lula e o serviço público de saúde. Ou: Do que Gilberto Dimenstein deveria se envergonhar

Ai, ai! No primeiro texto que escrevi sobre a doença de Lula, censurei uma coluneta de Gilberto Dimenstein em que ele afirma que o câncer do ex-presidente “vai servir de lição”. Foi mais longe: “Infelizmente é desse jeito, com as pessoas sentindo-se próximas e vulneráveis diante de uma ameaça, que se consegue mudar atitudes” (cito […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 10h19 - Publicado em 30 out 2011, 18h26

Ai, ai!

No primeiro texto que escrevi sobre a doença de Lula, censurei uma coluneta de Gilberto Dimenstein em que ele afirma que o câncer do ex-presidente “vai servir de lição”. Foi mais longe: Infelizmente é desse jeito, com as pessoas sentindo-se próximas e vulneráveis diante de uma ameaça, que se consegue mudar atitudes” (cito no português original). Já disse o que penso sobre essa abordagem.

Parece que os lulistas radicais não gostaram do texto e resolveram pegar no pé do colunista. Aí ele fez o quê? Ora, resolveu atacar o “outro lado”, escrevendo um texto intitulado: “O câncer de Lula me envergonha”. E escreve:
Centenas de e-mails pediam que Lula não se tratasse num hospital de elite, mas no SUS para supostamente mostrar solidariedade com os mais pobres. É de uma tolice sem tamanho. O que provoca tanto ódio de uma minoria?”

Pronto! O mesmo jornalista que, horas antes, achou irônico que Lula tivesse um câncer justamente no órgão associado à fala (e daí?), agora decidiu “atacar a minoria” para mostrar que ele é um homem favorável “à maioria”. Já que o lulismo pegou no seu pé, ele decidiu lhe puxar o saco.

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Não acho que Lula ou qualquer político estejam obrigados a se tratarem em hospitais públicos ou a manterem seus filhos em escolas do estado. Mas que se note: NÃO ACHO PORQUE UM POLÍTICO NÃO É RESPONSÁVEL, SOZINHO, PELA BAIXA QUALIDADE DESTE OU DAQUELE SERVIÇOS. ASSIM COMO NÃO É RESPONSÁVEL ÚNICO POR EVENTUAIS ASPECTOS POSITIVOS DO PAÍS, DA SUA ECONOMIA, DO SEU DESENVOLVIMENTO.

Lula e o petismo tentaram privatizar a história do Brasil. Mais do que isso: fizeram tabula rasa do passado para se colocarem como os fundadores de uma nova civilização, o que é absolutamente mentiroso, estúpido, fraudulento. EU REALMENTE NÃO ACHO QUE LULA ESTEJA OBRIGADO A SE TRATAR NUM HOSPITAL PÚBLICO, mas entendo que se faça a cobrança a quem declarou, e não faz tanto tempo, que “a saúde no Brasil está próxima da perfeição”. AS PESSOAS TÊM O DIREITO DE TER ESSA OPINIÃO.

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Acho lamentável esse tipo de postura. Ao perceber que fez uma grande besteira, Dimenstein resolveu jogar os lulistas contra os críticos de Lula para poder se colocar como juiz, dizendo-se “envergonhado”. Tenha a santa paciência!

Reitero: eu não acho que Lula esteja moralmente obrigado a se tratar num hospital público, mas não há nada de ofensivo na sugestão. Rigorosamente nada!

O que deve nos envergonhar, isto sim, é o padrão da saúde pública no Brasil. Aliás, Dimenstein deve achar que a sugestão é ofensiva a Lula justamente porque esse serviço, no país, é um lixo; está, obviamente, “muito longe da perfeição.”

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Dimenstein deveria é se envergonhar não da opinião dos leitores — ele não tem nada com isso. Deveria é se envergonhar dos dois textos que escreveu a respeito.

Vai ter de tentar o terceiro.

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