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Reinaldo Azevedo

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MAIS PERIPÉCIAS DO AMIGO DO MENSAGEIRO DA VERDADE

No Brasil, vocês sabem, existe “observatório” para tudo. O que há de ONGs e Oscips (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público) criadas para observar isso e aquilo é uma enormidade. Uma dessas Oscips é um negócio chamado Observatório de Favelas. No dia 10 de agosto de 2007, na página da entidade, encontrava-se a seguinte […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 17h15 - Publicado em 21 jul 2009, 06h29
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  • No Brasil, vocês sabem, existe “observatório” para tudo. O que há de ONGs e Oscips (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público) criadas para observar isso e aquilo é uma enormidade. Uma dessas Oscips é um negócio chamado Observatório de Favelas. No dia 10 de agosto de 2007, na página da entidade, encontrava-se a seguinte nota:

    Aviso de adjudicação e homologação de licitação

    Pregão do Convênio MTur/OF-RJ/Nº 167/2007
    A Diretora Presidente do Observatório de Favelas do Rio de Janeiro – OF/RJ, através da Comissão de Licitação instituída em 20 de julho de 2007, torna pública a HOMOLOGAÇÃO efetivada no dia 10 de agosto de 2007 da Licitação executada na modalidade Pregão nº. 001/2007, declaradas como vencedoras as empresas: Avatar 2001 Produções Artísticas Ltda., CNPJ nº. 04.272.311/0001-60; R A Brandão Produções Artísticas, CNPJ nº. 05.772.756/0001-72; R A Silva Cabral Produções Artísticas, CNPJ nº. 04.983.650/0001-11; M. de A. Caldas Promoções e Eventos Ltda., CNPJ nº. 04.480.742/0001-12; e Guanumbi Promoções e Eventos Ltda., CNPJ nº. 06.536.800/0001-08.
    Rio de Janeiro, 10 de agosto de 2007.
    Elionalva Sousa Silva

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    Presidente do Observatório de Favelas/RJ

    “Adjudicação”, leitor, é um termo corrente nas favelas do Brasil, mas há o risco de você não saber o que significa. Numa linguagem compreensível para as massas, quer dizer que estão sendo anunciadas as empresas que venceram uma licitação. Por que publico isso? Porque, como vocês podem ver, a R. A. Brandão e a Guanumbi, empresas do polivalente Raphael de Almeida Brandão (aquele que detém os direitos do livro de MV Bill), estão na parada. Ganharam contrato também ali. É Petrobras, é favela, é tudo! Esse rapaz não brinca em serviço.

    É bonita essa coisa fraterna. Brandão detém os direitos do livro de MV Bill, que é um dos chefões da CUFA, a Central Única das Favelas – devidamente financiada, lembre-se, pela Fundação Ford, que também dá grana para aquela entidade que conseguiu expulsar os brancos de Raposa Serra do Sol (ê Brasil véio sem porteira!!!). Mas Brandão também vence licitação do Observatório de Favelas. Ele ganha tanto com “observados” quanto com “observadores”.

    Quando não está fazendo sei lá o quê para MV Bill ou para o Observatório, Raphael pode estar:

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    – fazendo cartilha sobre meio ambiente;
    – fazendo bufê em obras de terraplenagem (esta certamente deve ser a atividade mais fascinante);
    – fazendo dicionário sobre personalidades históricas;
    – fazendo design ecológico em produtos sociais…

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    – disseminado informações estatísticas e geocientíficas”;
    – delimitando áreas marinhas ecologicamente sensíveis;
    – cuidando da saúde suplementar.

    Só na Petrobras, suas empresas já faturaram mais de R$ 8 milhões com tanto ecletismo.

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    Até ontem, a imprensa não tinha conseguido saber onde estavam localizados esses dois portentos – a R.A. Brandão e a Guanumbi (que está registrada como empresa de “produção teatral”). No endereço fornecido, não havia nem sombra de ambas. Deve haver alguma explicação. Sempre há.

    O primeiro grande serviço prestado por Diogo Mainardi, com a sua coluna, foi ter revelado ao Brasil um novo gênio: o jovem Raphael de Almeida Brandão! Aos 27 anos, nunca ninguém acumulou tanta experiência quanto esse rapaz. É de deixar Lulinha morrendo de inveja.

    Ainda bem que MV Bill afirmou em sua nota que não lhe cabe “acompanhar o relacionamento dos seus (“nossos”) fornecedores com terceiros”. É, coisa de quem tem alma de artista. Imaginem Raphael explicando para ele como se faz bufê de terraplenagem ou “design ecológico de produtos sociais”. A propósito: o que será um “produto social”? Havendo um, suponho que também exista o seu contrário: o “produto antissocial”…

    O “MV” de seu nome, fico sabendo, quer dizer “Mensageiro da Verdade”. Sempre percebi que as ambições desse rapaz não eram nada modestas. Cristo foi um mensageiro da verdade. Quase sete séculos depois, surgiu Maomé. Passados outros 14, chegou MV Bill.

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