Da AP, Efe e AFP, no Estadão:
O Conselho de Guardiães, órgão encarregado de validar os resultados das eleições presidenciais do Irã, admitiu na noite de ontem que houve irregularidades na votação do dia 12, que gerou a maior onda de protestos no país desde a Revolução Islâmica de 1979. Em entrevista à emissora estatal de TV IRIB, um porta-voz do conselho disse que em 50 cidades foram contabilizados mais votos do que o número de eleitores, uma diferença de 3 milhões de votos.
É a primeira vez que um órgão do governo de Teerã admite a possibilidade fraude na votação, denunciada pela oposição. Oficialmente, o presidente Mahmoud Ahmadinejad teve 63% dos votos e o candidato da oposição Mir Hossein Mousavi, 34%. O conselho, que na semana passada concordou em reabrir 10% das urnas, disse que apurava uma reclamação do candidato conservador, Mohsen Rezaei.
“A denúncia de Rezaei, de que havia mais votos que eleitores em 170 cidades, não é correta; isso ocorreu em apenas 50 cidades”, disse o porta-voz do conselho, Abbas Alí Kadkhodaei, citado pela TV estatal. “E não sabemos se essa diferença vai alterar o resultado da eleição”, emendou.
Enquanto isso, as forças de segurança intensificaram ontem o ritmo das prisões e ameaças contra jornalistas, blogueiros e opositores que denunciaram fraude na votação do dia 12. Entre os que foram detidos estava Faezah Hashemi, filha mais velha do ex-presidente e aiatolá Ali Akbar Hashemi Rafsanjani, um líder reformista que apoiou o oposicionista Mousavi. Ela foi detida na madrugada de ontem, por ter participado de manifestações contra o governo, e libertada no fim da noite. Durante o dia, não foram registrados protestos violentos.
No sábado, os choques entre manifestantes e a polícia nas ruas de Teerã deixaram pelo menos 10 mortos segundo dados oficiais divulgados ontem, o que eleva para 17 o número de baixas desde a eleição. O número de feridos passou de 100. Aqui