Reproduzi aqui no domingo uma reportagem de Gabriel Castro, da VEJA.com, que informa que apenas 20% do dinheiro arrecadado para a família de Amarildo foi realmente entregue a sua mulher e filhos; os outros 80% ficaram com o tal DDH (Instituto de Defensores de Direitos Humanos), aquela ONG ligada ao deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL). A também deputada estadual Cidinha Campos (PDT-RJ) me enviou um e-mail comentando o assunto, e eu lhe propus que escrevesse um artigo para o blog, que segue abaixo. Cidinha anuncia que vai recorrer ao Ministério Público contra a apropriação vergonhosa. Segue o artigo.
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Cadê o dinheiro do Amarildo?
Eu bem que queria escrever sobre outra coisa, mas os fatos são tão graves que volto ao deputado Marcelo Freixo. Saber, pela coluna do Reinaldo Azevedo, da Veja Online, que apenas 20% dos R$ 310 mil arrecadados por artistas na campanha “Somos Todos Amarildo” foram para a família do pedreiro me obriga a ser monotemática. É revoltante descobrir que nada menos que 80% do dinheiro arrecadado em outubro passado tenham ficado com ONG ligada a Marcelo Freixo.
Isso mesmo. A ONG DDH (Defensores de Direitos Humanos), aquela mesma que defende os black blocs e onde trabalha pelo menos um assessor de Marcelo Freixo da Alerj, ficou com R$ 250 mil da grana que todos achavam que tinha ido para a família de Amarildo.
Será que essa comissão para o DDH foi combinada no apartamento da Viera Souto da produtora Paula Lavigne? A mulher do Amarildo estava lá? Quem pagou para ver o show “beneficente” no Circo Voador de Caetano Veloso foi informado que Dona Elizabeth receberia somente uma gorjeta? Nunca uma dor foi tão bem cafetinada.
Para a mulher do Amarildo, a quem inicialmente haviam prometido dar metade do total arrecadado, couberam apenas R$ 60 mil: com R$ 50 mil, ela trocou o barraco para uma casinha na Rocinha. Com R$ 10 mil, comprou parte da mobília. Como não deu para o fogão e a geladeira, Dona Elizabeth pediu uma ajuda a mais. A resposta foi “não”. Pediu emprestado o cartão de uma parente e parcelou a dívida pagando 15% de juros ao mês.
O presidente da malfadada ONG, advogado João Tancredo, confirma ter ficado com a maior parte do butim e diz que o dinheiro será usado em “projetos ainda indefinidos“ do DDH. Nunca prestou contas a ninguém – e, pelo jeito, não pretende fazer isso. Mas, na prestação de contas do ínclito deputado Marcelo Freixo, consta que, em 2012, o mesmo João Tancredo, que ficou com R$ 250 mil da família do Amarildo, doou o mesmíssimo valor para a campanha de Freixo a prefeito do Rio. Ou seja: em um ano, recuperou o investimento.
Freixo, que disse desconhecer o fato de a presidente do seu partido, Janira Rocha, ter usado dinheiro do Sindsprev para criar o PSOL e, que, mais recentemente, alegou ignorar que um funcionário de seu gabinete, pago pela Alerj, defendia black blocks, provavelmente dirá que está por fora do fim que levou a grana do “Somos Todos Amarildo”.
Vou representar ao Ministério Público – o mesmo MP onde Freixo busca legitimar suas denúncias – contra essa ONG e toda essa nojeira. Porque não é só o corpo de Amarildo, morto por policiais bandidos que já respondem como tal, que precisa ser resgatado. O dinheiro do Amarildo também.