Vamos lá.
Claro que dou os parabéns ao senador Flávio Arns (PR) por cair fora do PT, não é? Antes ele, que sai, do que Ideli Salvatti (SC), que fica. Bem, eu diria isso fosse qual fosse o segundo termo da comparação, em qualquer circunstância… Bom cristão, quem sou eu para censurar aquele que resolve mudar a sua rota, renunciando a pecados? Mas sou fã do arrependimento. Sem arrepedimento, o perdão não é uma virtude cristã, mas uma licenciosidade mundana, dessas nojeiras que se praticam no Congresso.
Arns diz que, ao se alinhar com Sarney, o partido rasgou o seu compromisso com a ética. Huuummm… Se tivesse um, teria rasgado.
Reitero os parabéns a Arns, mas recomendo que ele não faça como José Saramago, quando rompeu com Fidel Castro (depois reatou) em 2003 por causa de três execuções sem julgamento determinadas pelo tirano. Disse o escritor: “Até aqui, fui com Fidel, mas agora…” Como assim? “Até aqui?” Até ali, Fidel já era responsável por 100 mil mortes. Mas Saramago não seria Saramagado se não julgasse 100 mil irrelevantes e se preocupasse com três, não é mesmo? Alma de arista não se assusta com cadáveres. Isso é coisa de humanista matusquela.
Insisto: parabéns, senador Arns! Mas, tivesse tido o PT, algum dia, um compromisso com a ética, ele o teria rasgado no mensalão. Ou aquilo foi pouco? E, ainda ali, o senhor insistiu no pecado. Espero um arrependimento do bom cristão Flávio Arns. É preciso ser generoso com ele, não licencioso.