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Reinaldo Azevedo

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Blog do jornalista Reinaldo Azevedo: política, governo, PT, imprensa e cultura

Ronaldo Laranjeira, duro crítico da descriminação das drogas, comandará programa anticrack em SP; não existe nem existirá “Bolsa Crack” no Estado; trata-se de uma absurda distorção

Informação em primeira mão: o psiquiatra Ronaldo Laranjeira, um dos maiores especialistas em dependência química do Brasil (candidato a ser o maior), internacionalmente reconhecido por seu trabalho na área, será o coordenador-geral do Projeto Recomeço, de combate ao crack, que está sendo implementado pelo governo de São Paulo. Atenção! Não existe “Bolsa Crack” nenhuma em […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 06h18 - Publicado em 8 Maio 2013, 08h07
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Ronaldo Laranjeira, que não tem o miolo mole, vai comandar projeto anticrack em SP

Informação em primeira mão: o psiquiatra Ronaldo Laranjeira, um dos maiores especialistas em dependência química do Brasil (candidato a ser o maior), internacionalmente reconhecido por seu trabalho na área, será o coordenador-geral do Projeto Recomeço, de combate ao crack, que está sendo implementado pelo governo de São Paulo. Atenção! Não existe “Bolsa Crack” nenhuma em gestação no Estado! Isso é uma grave distorção! Ainda que se queira dizer que “é como as pessoas estão chamando”, então é preciso que se lhes diga a verdade: “Pessoas, vocês estão erradas! Isso é uma besteira!”. Já chego lá. Laranjeira, PhD em psiquiatria pela Universidade de Londres (Maudsley Hospital), justamente no setor de Dependência Química, é um crítico severo da descriminação das drogas. Pesquisador rigoroso, é titular do Departamento de Psiquiatria da UNIFESP, diretor do INPAD (Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para Políticas Públicas do Álcool e outras Drogas) e coordenador da UNIAD (Unidade de Pesquisas em Álcool e Drogas). Muito bem. O que é o Projeto Recomeço? PRESTEM BEM ATENÇÃO!

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Será impossível contar com instituições públicas e leitos públicos em todas as cidades do estado de São Paulo para dar atendimento aos dependentes químicos. Esse trabalho terá de ser feito também por instituição privadas, devidamente credenciadas. O Estado de São Paulo estabeleceu o valor de R$ 1.350 para pagar por esse serviço. Anotem:
1: O DINHEIRO NÃO SERÁ DADO AO DEPENDENTE.
2: O DINHEIRO NÃO SERÁ DADO À FAMÍLIA DO DEPENDENTE.
3: O DINHEIRO SERÁ REPASSADO DIRETAMENTE À INSTITUIÇÃO QUE PRESTAR O SERVIÇO.

A família de quem estiver em tratamento, esta sim, receberá um cartão atestando que FULANO DE TAL está em tratamento na unidade “x”. Por que isso é importante? Porque é uma forma a mais de saber se o serviço está mesmo sendo prestado, abrindo, ademais, a possibilidade de avaliar a sua efetividade ou não.

ISSO É “BOLSA CRACK”? TENHAM A SANTA PACIÊNCIA!!!

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O governo de São Paulo, felizmente, não é um “liberacionista” — Laranjeira tampouco. Ao contrário. A polícia do estado é uma das mais intolerantes com o tráfico e é a que mais prende, no que faz muito bem. Alckmin implementou a internação involuntária no estado e apresentou um projeto para que menores que cometem crimes hediondos possam ficar até oito anos retidos. Estou a dizer que não se trata de um governo que tem um postura nefelibata diante do crime.

Falar em “Bolsa Crack” sugere que o governo repassará aos familiares dos dependentes R$ 1.350 para que gastem como lhes der na telha, de sorte que ter um viciado em casa poderia significar até um ativo. Isso não existe!!! O dependente que quiser tratamento poderá contar também com a rede privada, se a pública não puder atendê-lo. Uma vez cadastrado, sua família recebe o cartão. Não é um cartão de débito nem de crédito, mas de mera identificação. E por que fica com a família? Porque esse tipo de doente é sabidamente arredio a controles.

São Paulo cumpre o que Dilma prometeu
O programa de combate ao crack do governo federal, por enquanto, é pura ficção. O estado de São Paulo tem procurado apertar o cerco ao tráfico e prestar auxílio médico aos dependentes. Essas são as linhas gerais do programa. E estão, até onde se alcança, corretas.

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É absurda a ilação de que se trata de uma “bolsa”. Fosse assim, melhor seria dar R$ 1.350 às famílias dos alunos que só tiram A no boletim, não é mesmo? Não se trata de um prêmio ou de uma compensação para a família que tem em casa um viciado. Não! Já que o estado brasileiro decidiu que a dependência química é uma doença e já que existe a urgência social de tratá-la, que se faça isso, então, de maneira organizada.

O programa, de resto, estará em mãos seguras. Laranjeira não é um desses que, com a mão direita, oferece tratamento aos dependentes e, com a esquerda, facilitam o acesso àquilo que os mata. Ao contrário: ele tem a clareza — mera questão de lógica elementar — de que, junto com o tratamento, é preciso criar dificuldades para a circulação de substância entorpecentes.

Quem quer Bolsa Droga é o aloprado ex-presidente da Colômbia César Gaviria, membro da Comissão Latino-Americana Sobre Drogas e Democracia. Este, sim, defende que o estado forneça a droga aos viciados. Laranjeira, felizmente, é de outra cepa.

Texto publicado originalmente à 1h01
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