Diogo Mainardi me atacou pela enésima vez há dois dias. Respondi com um certo deboche, e ele ficou furioso e inteligente: “Vai dar a bunda, Reinaldo”.
Imediatamente, os detratores que me orgulho de ter — bolsonaristas, movimentos derrotados pelos fatos (um deles até me enviou uma ameaça velada; está guardada) e vigaristas genéricos — se juntaram para emplacar a frase no Twitter. As esquerdas, claro!, fizeram a mesma coisa na linha “barraco na direita!”.
O sócio de Diogo, Mario Sabino, retuitou a sugestão. Tsc, tsc, tsc… Coisa triste, hein?
Diante de tal argumento, responder o quê? Quem contesta o outro mandando-o dar a bunda já perdeu. Teria perdido ainda que dissesse: “Vá tomar um Chicabon”.
Sempre que Diogo precisou da minha ajuda — o contrário nunca foi necessário —, estive presente. Será que ele confundiu isso com, como direi?, um certo “crush”, rsss? Eu, hein!
Reitero: responder o quê? Se eu desse a bunda, observo que Diogo teria acertado no verbo: “dar”.
Não alugaria.
Não faria michê.
Não sou mercador.
Em tempo: é mentira que eu tenha sido contratado por Mario Sabino na VEJA. Quem me contratou foi Eurípides Alcântara. Mario apenas formalizou o convite num jantar, de que participou também Márcio Aith, então editor-executivo da VEJA. O encontro aconteceu no “Gero” de São Paulo, não no do Rio. Eu só conheço o daqui.
Diogo frequenta os dois porque tem bom gosto e, em muitos aspectos, sempre foi mais inteligente do que eu. Um tipo de habilidade que, com efeito, não tenho nem quero ter. E ele é muito inteligente desde a guerra envolvendo as telefônicas, o governo petista e o banqueiro Daniel Dantas.
Quando a gesta terminou, ele voltou a morar em Veneza. Anunciava a intenção havia tempos. Permitiu que circulasse a versão fantasiosa de que era perseguido no Brasil pelo petismo. Cansei de vê-lo silenciar diante da mentira de que a VEJA o havia descartado.
Isso nunca aconteceu. Para as suas conveniências, e não o censuro por isto, preferiu os benefícios do estado de bem-estar social (ainda que “à italiana”) da Itália. Um “bem-estar social”, diga-se, que o nosso exortador de bundas negaria à morenada brasileira. Por aqui, ele gosta de posar de Torquemada do estado mínimo.
Um outro bobo alegre, que vive tentando pegar carona em confrontos alheios, resolveu me atacar citando “O Mercador de Veneza”. Mandaram-me o texto. Comecei a ler e parei no meio. O imbecil nada sabe de Shakespeare e nem deve ter lido a peça. Ou não diria tanta asneira.
Em sentido derivado, no entanto, a lembrança é oportuna, com variação da preposição: “O Mercador em Veneza”.
Baixaria?
A esquerda que se quer moderada e os que se dizem isentos afirmam que “Diogo e Reinaldo partiram para a baixaria”… Diogo e Reinaldo? Depois de mais de dois anos, dei uma única resposta a ataques quase diários que a dupla faz a mim.
E não mandei Diogo dar a bunda, não xinguei, não ofendi. Até porque ele não precisa da minha exortação para isso na terra que consagrou a “lotta anale contro il capitale”. Preferi citar Lewis Carroll. Citamos partes diferentes do corpo: ele, bunda; eu, cabeça.
Se você não me respeita, rapaz, respeite ao menos os seus filhos!
É triste saber que sentirão vergonha de você!
Mas quando foi que eles passaram a me odiar? E por quê?