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Ouro e mulher: as expectativas de Bolt 4 anos antes da Rio-2016

Lenda do atletismo, agora prestes de se aposentar, falou a VEJA em 2012 sobre o triunfo na Olimpíada de Londres e a ambição de repetir a façanha no Brasil

Por Da redação
Atualizado em 4 jun 2024, 18h12 - Publicado em 28 jul 2017, 22h56
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  • VEJA de 24 de outubro de 2012
    VEJA de 24 de outubro de 2012 (Reprodução/VEJA)

    Usain Bolt se aposenta em 5 de agosto, e VEJA desta semana mostra que o homem mais rápido do mundo não deixa sucessor. Deixa um enigma: como conseguiu dominar por tanto tempo as provas de curtas distâncias? Sua despedida será no Estádio Olímpico de Londres. Ali, em 2012, o jamaicano repetiu o feito de 2008, nos Jogos de Pequim, e levou os ouros nos 100m, 200m e revezamento 4 x 100m (sua primeira medalha nessa categoria seria depois cassada, por doping de outro atleta da equipe jamaicana).

    Passada a competição em Londres, Bolt curtiu um período de férias e voltou aos treinos no final do ano, e então falou a VEJA sobre o triunfo inédito. “Muita gente não acreditava ser possível defender tantos títulos olímpicos – não só nos 100 e nos 200, mas também no revezamento 4 x 100 com meus companheiros”, disse, referindo-se a si mesmo na terceira pessoa, “e o Usain foi lá e conseguiu esse feito. Isso é o que me distingue dos outros atletas e o que me permite dizer que sou uma lenda do esporte.”

    Bolt avisava então que a Olimpíada do Rio, quatro anos depois, seria mesmo sua última: “Acho que ir ao Rio e ganhar a terceira medalha de ouro olímpica nos 100 e nos 200 me colocaria, sem dúvida alguma, acima de todos os outros grandes campeões do atletismo. Eu viraria uma lenda ainda maior”. Como se sabe, ele venceu todas as provas que disputou no Brasil. Na conversa, Bolt contou que não ansiava apenas por ouros no Rio: “Dizem que as mulheres do Rio são muito bonitas. Estou empolgado”. E como se sabe, também essa expectativa se cumpriu. Leia abaixo trechos da entrevista publicada em VEJA de 24/10/2012. E confira a íntegra no Acervo Digital de VEJA.

    Antes de suas vitórias nos Jogos de Londres, alguns ex-atletas disseram desconfiar da superioridade jamaicana nas provas de velocidade (na final dos 200 metros masculino em Londres, as medalhas de ouro, prata e bronze ficaram com a Jamaica). Eles insinuaram até que poderia haver uso de doping. Como você responde a esses incrédulos? Há várias formas de ver essa desconfiança. Ao longo dos anos, o esporte já teve de lidar com várias situações embaraçosas, e isso faz com que as pessoas fiquem pensando se existe algo por trás dos bons resultados. No meu caso não existe. Os maus exemplos infelizmente fizeram esse desserviço ao esporte, e agora nosso trabalho é sair desse buraco. Também há muita inveja no nosso meio, o que dá espaço para comentários maldosos. Mas pessoalmente não me abalo nem um pouco com as insinuações. Meu foco sempre estará no trabalho duro e na dedicação total aos meus objetivos.

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    E essa história de que a batata-doce é o segredo por trás da velocidade dos atletas jamaicanos (alguns pesquisadores defendem a ideia de que o consumo do alimento desde a adolescência pode melhorar o desempenho de um atleta de ponta por aumentar a produção de testosterona). Isso realmente é verdade? Olha, já comi muita batata-doce, principalmente quando era criança. Mas não posso dizer que comi porque conhecia alguma evidência científica de que a batata-doce ajuda. Era o que tinha na mesa para comer, não tinha escolha. Pode ter melhorado alguma coisa, é possível, mas a verdade é que comi bastante batata-doce, sim.

    Você sempre disse que queria se tornar uma lenda em Londres. Depois de conquistar o bicampeonato olímpico nos 100 e nos 200 metros, você se autoproclamou uma lenda. O que é, enfim, ser uma lenda? Acho que esse conceito tem a ver com o ineditismo da conquista de Londres. Muita gente não acreditava ser possível defender tantos títulos olímpicos – não só nos 100 e nos 200, mas também no revezamento 4 x 100 com meus companheiros -, e o Usain foi lá e conseguiu esse feito. Isso é o que me distingue dos outros atletas e o que me permite dizer que sou uma lenda do esporte.

    Recentemente você encerrou o suspense e confirmou que disputará os Jogos do Rio, em 2016. Por que competir em mais uma Olimpíada, sabendo que já terá 30 anos? Quero ser o maior de todos. Acho que ir ao Rio e ganhar a terceira medalha de ouro olímpica nos 100 e nos 200 me colocaria, sem dúvida alguma, acima de todos os outros grandes campeões do atletismo. Eu viraria uma lenda ainda maior. Nas próximas semanas, antes de começarem os treinos, vou sentar com meu treinador e decidir qual será a estratégia dos próximos quatro anos.

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    Você não acha mais seguro parar enquanto está no topo? E ficar pensando o resto da minha vida que poderia ter ganhado mais uma? Sem chance. Esse não é o comportamento de um verdadeiro campeão. Quem entra em uma competição com dúvidas sobre si mesmo já entra derrotado. É claro que não posso prever o futuro e garantir que tudo vai dar certo. Mas vou treinar duro, como sempre treinei. É claro que vai ser ainda mais difícil, pois vou estar mais velho, mas e daí? Tenho certeza de que nos próximos anos ainda serei um dos melhores corredores do mundo e, com certeza, vou querer provar isso. Mas se alguém quiser tirar o ouro de mim vai ter de bater o melhor. E, enquanto eu for o melhor, vou querer competir.

    E a Olimpíada do Rio será o último ato de Usain Bolt como atleta olímpico? Sim, a de 2016 será minha última Olimpíada.

    O que você pretende fazer depois de se aposentar? No futuro não me vejo trabalhando como treinador. Creio que poderia atuar como um mentor, ajudando jovens atletas de outras formas além da preparação técnica.

    Alguma ansiedade em relação à visita ao Brasil? As garotas. Dizem que as mulheres do Rio são muito bonitas. Estou empolgado.

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