Ronaldo Fenômeno, que completa 40 anos nesta quinta-feira, já estampou sete capas de VEJA. Na primeira delas, em janeiro de 1998, dava rosto à esperança brasileira de conquistar o pentacampeonato na Copa da França. Ainda chamado de Ronaldinho, o camisa 9 já era um fenômeno mundial, multimilionário e querido pelos fãs, mas ainda não havia decidido um Mundial, o teste definitivo dos craques – em 1994, com apenas 17 anos, havia feito apenas figuração no elenco que trouxera o tetra. Estava no auge de seus 21 anos e tinha tudo para arrebentar na França.
Como se sabe, porém, Ronaldo teve um apagão na final da Copa de 1998, e a França de Zinedine Zidane atropelou o favoritismo brasileiro: 3 a 0. “Ronaldinho entrou em campo apático, de cabeça baixa. Participou de poucas jogadas, não driblou e deu só dois bons chutes a gol”, descrevia reportagem de VEJA. “Era apenas uma sombra do craque que costuma decidir os jogos em lances fulminantes. Sem a chama de seu principal atacante, toda a seleção afundou. E deu o resultado temido por todo o Brasil”. Em entrevista a VEJA, o craque não soube dizer exatamente o que acontecera com ele antes do jogo: “Eu estava no quarto, senti sono e dormi. Quando acordei, tudo já tinha acontecido. Os médicos disseram que foi uma convulsão”. Ronaldo reconhecia atravessar um ano estressante (“A correira é cansativa, eu só quero paz!”) e mirava sua próxima chance: “O penta virou uma obsessão para mim”.
Ronaldo voltou à capa de VEJA um ano depois, na edição de 28 de julho de 1999, quando teve o nome citado em inquérito da polícia italiana sobre uma rede de prostituição em Milão, da qual seria cliente. À reportagem de VEJA, Ronaldo negou qualquer envolvimento, mas o escândalo arranhou sua imagem de bom moço. “As revelações da semana passada causaram surpresa porque, ao contrário de Romário, Edmundo, Renato Gaúcho e outros craques do futebol, Ronaldo sempre se esforçou para cultivar a imagem de bom menino”, dizia a reportagem. “Garoto que saiu da pobreza para a glória, era um símbolo para todos os brasileiros que sonham com oportunidades de uma vida melhor.” Para além dos danos à sua imagem, o craque era cobrado também dentro de campo. O tricampeão Tostão alertava: “Ele precisa jogar bem a próxima (Copa) para ter seu nome incluído entre os grandes da história. Se falhar novamente, a torcida não vai perdoar.”
Na capa seguinte, a redenção de Ronaldo: recuperado de uma chocante lesão no joelho, que para muito especialista poria fim à sua carreira, o craque foi decisivo na conquista do pentacampeonato em 2002, no Japão e Coreia do Sul. “A vitória da seleção brasileira em Yokohama fez o atacante Ronaldo nascer de novo”, começava a reportagem de VEJA. “É o craque que finalmente pode enfileirar o título de pentacampeão do mundo ao lado dos de campeão mineiro de 1994, campeão mundial de 1994, campeão da Copa da Holanda em 1996, melhor jogador do mundo em 1996 e 1997, campeão da Recopa de 1997, melhor jogador do campeonato Europeu de 1997, campeão da Copa Uefa de 1998 e campeão da Copa América de 1999.”
No final de 2003, VEJA acompanhou uma semana da rotina do craque , então no Real Madrid, e ouviu 27 pessoas de seu entorno, incluindo Borracha, amigo da infância de Ronaldo em Bento Ribeiro, e o médico Gérard Saillant, que o operou duas vezes. Ronaldo recebeu VEJA em sua mansão de 1,5 mihão de euros em Madri, no condomínio de La Moraleja, onde também vivia o então primeiro-ministro espanhol, José María Aznar. Com patrimônio avaliado em mais de 100 milhões de dólares, o craque desfrutava então dos prazeres da vida de solteiro – mas ainda morava com Milene, de quem estava oficial, mas ainda não legalmente separado.
Ronaldo voltou à capa de VEJA em 2008 por uma “escorregada fenomenal”, como narrava reportagem de 7 de maio daquele ano. “O episódio incluiu três travestis cariocas, um quarto de motel de terceira categoria, gritaria, acusações de calote, extorsão e uso de drogas. A noitada acabou na delegacia. De lá, decolou para os jornais do mundo inteiro, que transbordaram de informações constrangedoras, incluindo especulações sobre as reais preferências sexuais do jogador e outros detalhes devastadores para a imagem do Fenômeno.” Na chamada de capa, VEJA alertava para o risco de que, podendo ser Pelé, Ronaldo via sua imagem se desfazer de escândalo em escândalo como a de Maradona. Ronaldo tinha então 31 anos e estava se recuperando de mais uma lesão no joelho, que sofrera jogando pelo Milan.
Ao final de 2008, nova volta por cima: Ronaldo é contratado pelo Corinthians, volta a jogar bola, fatura dois títulos e vira ídolo. Foi seu último clube. Despediu-se dos campos em 2011. Já estava visivelmente acima do peso – e nos meses seguintes chegaria a impressionantes 118 quilos. Aos 36 anos, topou expor o barrigão na TV no programa Medida Certa, do Fantástico, que o ajudaria a voltar a 101 quilos. Sua batalha contra a balança foi parar na capa de VEJA de 3 de outubro de 2012, como exemplo de força de vontade.