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Bolsonaro entre o sonho e o pesadelo

As perspectivas para o presidente podem não ser tão douradas quanto imaginam

Por Ricardo Rangel Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 15 jun 2021, 15h06

Jair Bolsonaro tem bons motivos para sonhar com um fim de ano dourado.

Apesar da catástrofe sanitária, da CPI, do desemprego na lua e de um governo espetacularmente ruim, sua popularidade segue surpreendentemente alta.

O inesperado resultado econômico do último trimestre aponta para um crescimento do PIB de mais de 5% no ano. A bolsa bate recorde, o mundo está entrando em um novo superciclo de commodities, aumentando as exportações. No fim do ano, com a retomada econômica e a maior parte da população vacinada, é de se esperar que o desemprego caia.

Até a inflação, desde que não seja excessiva, ajudará o caixa, permitindo aquele assistencialismozinho gostoso, que tanto ajuda governantes populistas.

Porém…

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Tem que chover. Senão tem racionamento, o custo da energia dispara, atrapalha a retomada econômica, eleva a inflação, enfurece o eleitorado e derruba a popularidade.

Não pode aparecer escândalo de corrupção. Mas, ao investigar empresários vendedores de cloroquina, agências de publicidade, veículos de comunicação e blogueiros sujos é, exatamente isso que a CPI e a PF estão procurando.

Não pode haver incerteza demais: com incerteza, não há investimento, o crescimento não deslancha, o desemprego não cai, o dólar sobe, e, com ele, a inflação e os juros. E Bolsonaro é especialista em criar incerteza.

A inflação não pode subir demais, senão os juros têm que subir muito, o que derruba o crescimento, encarece a dívida, aperta o caixa, e a popularidade cai. E os sinais da inflação não estão nada bons.

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O contágio de Covid tem que cair. Mas estamos entrando na terceira onda, e já tem gente falando em quarta.

Não pode haver um movimento popular forte, de milhões, pelo impeachment. Mas nada impede quem está vacinado de ir para as ruas.

A esquerda e o centro não podem chegar a um acordo. E tem muita gente procurando esse acordo.

Enfim, há motivo para sonhar, mas há muita coisa capaz de transformar sonho em pesadelo.

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