Bolsonaro na Paulista: o circo e os micos
O comício pró-anistia teve muitos momentos constrangedores, mas também trouxe uma lição para os democratas
 
                Bolsonaro fez um comício na Avenida Paulista para pedir anistia para os condenados pelo 8 de janeiro e, principalmente, para si mesmo. Conseguiu reunir cerca de 50 mil pessoas, duas vezes e meia o que obteve na Avenida Atlântica há três semanas.
O circo foi o de sempre. Bolsonaro elogiou a si mesmo; xingou Lula, a esquerda, o Supremo (e, acima de tudo, claro, Alexandre de Moraes); choramingou suas misérias; negou fatos indiscutíveis; insistiu que será candidato 2026 (apesar de isso ser impossível).
Micos, houve novos.
Em dado momento, Bolsonaro discursou em um idioma desconhecido, aparentado com o inglês, no qual se reconheciam palavras como pipoca e sorvete. Deu saudades do macarrônico inglês falado por Dilma Rousseff e José Sarney.
Bolsonaro também nos revelou que seu filho Eduardo Bolsonaro, além do inglês, fala também espanhol e árabe. Conhecendo-se a qualidade do inglês que Bananinha “fala”, pode-se imaginar a proficiência com que domina as demais.
Eduardo, que já declarou que estaria disposto a se “sacrificar” para concorrer à Presidência da República caso fosse essa a vontade do pai, não compareceu ao comício, por sinal. Por motivo ignorado, preferiu fugir para os EUA. Descobriu-se que o suposto candidato era na verdade putativo.
Silas Malafaia, que sempre xinga, além dos de sempre, alguém novo, chamou os generais brasileiros de “frouxos, covardes e omissos” e alardeou que o presidente da Câmara, Hugo Motta — que até agora não pautou o projeto da anistia — “está envergonhando o honrado povo da Paraíba”.
Sergio Moro, que nunca perde uma chance de enxovalhar um pouco mais a própria biografia, não desperdiçou a chance do domingo: foi lá bajular seu antigo chefe, posterior desafeto e atual sabe-se-lá-o-quê.
Foi também uma penca de governadores, inclusive os quatro principais candidatos a candidatos a presidente da direita: Tarcísio de Freitas, Ronaldo Caiado, Ratinho Jr. e Romeu Zema. Tiraram fotografia juntos, abraçados “em defesa da anistia”. A temporada de puxa-saquismo ao ex-presidente continua aberta, e o mico mais constrangedor foi a presença de Caiado, várias vezes hostilizado por Bolsonaro.
Com ou sem micos, o comício foi bem sucedido e tirou a má (ou boa, dependendo do observador) impressão deixada pelo fracasso em Copacabana. Bolsonaro ainda é um líder fortíssimo, e ninguém que queira se candidato a presidente pode prescindir de seu apoio. O que, aliás, explica vários dos micos.
Mais importante é a lição que fica para os democratas e para o Supremo.
Bolsonaro continua forte e perigoso, mantém grande capacidade de dano à democracia.
Já passou da hora de parar de dar bons argumentos para que ele alimente sua narrativa.
(Por Ricardo Rangel em 07/04/2025)
 
	 
                 Após Acordo de Paris, crescimento das emissões globais registra desaceleração histórica
Após Acordo de Paris, crescimento das emissões globais registra desaceleração histórica 
							 
							 
							 
							 
							 
							 ACESSO LIVRE COM VIVO FIBRA
ACESSO LIVRE COM VIVO FIBRA