A Declaração da Cúpula Amazônia deixou de fora o objetivo de se barrar a exploração de petróleo na região. Dedo de Lula, claro. (Tomou uma cotovelada de Gustavo Petro, do Chile.)
Lula quer ser a principal liderança ambiental do mundo ao mesmo em que aumenta a emissão de carbono.
A gente lembra que Lula certa vez declarou que é uma “metamorfose ambulante”. Referia-se à canção de Raul Seixas, que diz coisas como “eu nem sei quem sou”, “quero dizer agora o oposto do que eu disse antes” e “vou desdizer aquilo tudo que eu lhe disse antes”.
Em maio, na cúpula dos líderes sul-americanos, Lula disse que existe “excesso de democracia” na Venezuela e que democracia é questão de “narrativa”. (Tomou uma cotovelada de Gabriel Boric, do Chile, e outra de Luis Alberto Lacalle Pou, do Uruguai). ”
Lula quer se apresentar como grande líder democrático ao mesmo tempo em que elogia ditadores: metamorfose ambulante.
Lula disse várias vezes que a culpa da invasão da Ucrânia é culpa da Ucrânia e dos EUA. (Em julho, acabou tomando uma cotovelada de Gabriel Boric, a qual retrucou com uma paulada.)
Lula quer ser um líder diplomático respeitado no mundo ao mesmo tempo em que defende países imperialistas que promovem guerras de agressão: metamorfose ambulante.
Esse negócio de ser metamorfose ambulante pode ser bom em show de rock, mas, para estadista, não saber bem quem é, funciona mais ou menos.
De toda forma, há certa coerência dentro da metamorfose. Se o que Lula quer é ficar desmoralizado rapidamente, está no caminho certo. Já perdeu o respeito dos EUA, da Europa e (à exceção da Venezuela) da América do Sul. Falta pouco para perder o dos ambientalistas em geral.