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Rio Grande do Sul

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Política, negócios, urbanismo e outros temas e personagens gaúchos. Por Paula Sperb, de Porto Alegre
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Abigail Pereira (PCdoB): ‘Privatização, para mim, não é tabu’

Pré-candidata ao governo do Rio Grande do Sul é a primeira entrevistada, por ordem alfabética, nesta série de VEJA

Por Paula Sperb
Atualizado em 30 jul 2018, 17h53 - Publicado em 21 jul 2018, 07h31
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  • Ex-secretária estadual de Turismo (2011-2015) na gestão do então governador petista Tarso Genro, Abigail Pereira (PCdoB) é a única pré-candidata mulher ao governo do Rio Grande do Sul. Com trajetória sindicalista, Abigail defende que o estado pode superar a crise promovendo o desenvolvimento econômico. A proposta é semelhante com a defendida pela deputada estadual Manuela D’Ávila, pré-candidata a presidente.

    Ao mesmo tempo em que aposta em um “estado indutor”, Abigail afirma: “Privatização, para mim, não é tabu”. A comunista garante que está aberta para discutir concessões à inciativa privada e as chamadas PPPs (parecerias público-privadas). Ela diz que é especulação a possibilidade de ser candidata à vice-governadora em uma chapa com o petista Miguel Rossetto. O PDT também tenta uma aproximação com a sigla. A convenção do PCdoB gaúcho está marcada para 4 de agosto.

    Abigail é a primeira entrevistada, por ordem alfabética, nessa série de VEJA com os pré-candidatos ao Piratini. Abaixo, sua entrevista e fotos de arquivo pessoal selecionadas por sua equipe a pedido de VEJA.

    Data de nascimento: 30/07/1960
    Naturalidade: Caxias do Sul
    Estado civil: Casada
    Cônjuge: Guiomar Vidor
    Filhos: Felipe e Thomaz
    Formação: Pedagogia (Universidade de Caxias do Sul), com especialização em Psicopedagogia pela Universidade Castelo Branco (RJ)
    Profissão: Funcionária pública
    Histórico de filiação partidária: PDT (1979-1985), PCdoB (a partir de 1985)

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    Abigail com o marido, Guiomar Vidor, e os filhos Felipe e Thomaz, vestidos com trajes típicos gaúchos (Arquivo Pessoal/Divulgação)
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    Por que a senhora quer ser candidata?
    Em primeiro lugar, entre os pré-candidatos postos, eu sou a única mulher. Nós estamos em todas as profissões, somos a maioria nas universidades, nos bancos escolares, mas ainda somos poucas na política. Em segundo lugar, não concordo com o que o governo atual mostra como a única saída para o Rio Grande do Sul, o ajuste fiscal. Quero mostrar que o nosso estado, que já foi referência em educação e até já fez uma revolução [Farroupilha], tem saída.

    Qual é a prioridade de governo da senhora?
    O desenvolvimento. Não existe desenvolvimento, nem aqui nem em qualquer outro lugar do mundo, sem um estado indutor. Precisamos apostar no desenvolvimento do setor produtivo e fazer com que o estado volte a crescer a partir da diversificação da economia e da matriz produtiva. Temos um polo metalomecânico, coureiro calçadista, vitivinicultor, petroquímico e naval. Este governo foi omisso em ajudar o desenvolvimento desses setores. Só vamos conseguir desenvolver saúde e educação com desenvolvimento nessas áreas.

    Como a senhora faria para pagar os salários dos servidores em dia?
    Não admito que os salários sejam parcelados como foram nesses quatro anos. A crise existe, mas os funcionários não podem ser os únicos que pagam pela crise porque as contas de água, luz, aluguel não são parceladas. Para pagar em dia temos que gerar riqueza no estado. Vou combater a sonegação, sobretaxar as grandes heranças e discutir a dívida com a União. Temos um modelo positivo no estado do Maranhão, governado pelo Flávio Dino (PCdoB). Além disso, o Rio Grande do Sul não é uma ilha, dependemos da economia nacional. Minha candidatura é ligada à candidatura da Manuela D’Ávila (PCdoB) à Presidência, que pretende fazer uma reforma tributária justa.

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    Natural de Caxias do Sul, na serra gaúcha, Abigail foi uma das fundadoras da União da Mulher Caxiense (UMCA) (Arquivo Pessoal/Divulgação)

    Essas seriam as saídas da crise propostas pela senhora?
    É fundamental a retomada do debate sobre a nossa dívida com a União, que, na minha opinião, já foi paga. Essa dívida foi feita em 1998, com o ex-governador Antônio Britto (MDB) e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), que nos oneraram com juros astronômicos. A dívida é um aspirador de dinheiro. Quero cobrar o que a União nos deve por meio da Lei Kandir. O conjunto de medidas é que vão dar condições de pagar salários em dua, investir em educação, infraestrutura e logística.

    No Rio Grande do Sul, qualquer privatização precisa ser aprovada por votação popular em um plebiscito. A atual gestão tentou, primeiro, retirar a obrigatoriedade do plebiscito para realizar as privatizações e, depois, tentou realizar o plebiscito simultaneamente às eleições antecipando o prazo da convocação. Qual é a opinião da senhora sobre a lei e sobre a privatização?
    Sou sempre a favor do plebiscito, não perdemos nada ao consultar o povo. O governo se elegeu dizendo que conhecia os problemas do estado. No entretanto, não chamou o plebiscito no primeiro ano de governo. Foi apresentar no quarto ano e ainda propondo que se alterasse o prazo legal. Esse ano é eleitoral. A questão é: que tipo de estado precisamos? Uns falam em estado mínimo, outros em estado máximo. Para mim é o estado necessário, que cumpra as funções com serviços de qualidade. Privatização, para mim, não é tabu. Precisamos discutir se são viáveis PPPs (parcerias público-privadas) e concessões. Temos que buscar saídas. Agora, abrir mão de empresas estratégicas, não. Daí sou contra. Sou contra vender o Banrisul. Sou contra a venda da CEEE [energia], da Sulgás [gás], que é uma empresa lucrativa. Qual sentido? Nunca vi em lugar nenhum um estado abrir mão de inteligência e pesquisa como ocorreu aqui fechando as fundações. A FEE (Fundação de Economia e Estatística) fechou e o governo fez um contrato mais caro com a Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) que até o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) questiona.

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    Abigail, formada em Pedagogia, em escola (Arquivo Pessoal/Divulgação)

    A segurança é um dos temas que mais preocupam os gaúchos atualmente. Quais as propostas da senhora para melhorar a área?
    Concordo com quem está preocupado. Eu, como mulher e mãe, não durmo enquanto meu filho não volta para casa. Vivemos em um clima de insegurança, não vemos efetivo na rua, não vemos investimento em inteligência, em armamento, os profissionais da área foram se aposentando. Queremos que os profissionais sejam valorizados. A Manuela propõe investimento em polícia de fronteira, trabalhando inclusive com os países vizinhos. No Rio Grande do Sul, conforme o Atlas da Violência, o feminicídio aumentou assustadoramente, 90%, isso é um absurdo.

    A senhora acredita que a candidatura da deputada estadual Manuela D’Ávila a presidente pode emplacar?
    A crise política gerou um clima de instabilidade nunca visto. Às vésperas da eleição, o cenário é indefinido. Vamos combinar, é indefinido tanto para a direita quanto para a esquerda. O único candidato preferido é o Lula. Manuela nos orgulha, é uma mulher jovem, mãe, está percorrendo o país levando o debate de uma frente ampla [de esquerda] que assuma a retomada do desenvolvimento, que gere emprego e um clima de paz, sem o ódio incitado pela direita.

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    A senhora acredita que a Manuela pode ser vice de Lula?
    Acho que é uma especulação, isso não está posto. Já conversamos com Ciro Gomes (PDT), Guilherme Boulos (Psol), lançamos um manifesto programático. A união [da esquerda] não é uma frase feita, tem que ser construída na prática. Mas não há nenhum indicativo de que essa união se dará no primeiro turno. Eu nunca tinha visto uma eleição com tanta indefinição, tudo pode acontecer, inclusive nada.

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    Abigail tem atuação no sindicalismo e é filiada ao PCdoB desde 1985 (Arquivo Pessoal/Divulgação)

    E a senhora poderia sair como vice do ex-ministro Miguel Rossetto (PT)?
    É especulação também. Temos nossas convenções marcadas para 1º e 4 de agosto. Até lá, definiremos.

    Em pesquisa do Instituto Methodus, a senhora aparece com 1,3% de intenção de votos. A senhora acredita que esse percentual irá aumentar? Como?
    A pesquisa é sempre uma amostragem de momento e no momento ainda não apareço como um nome já consolidado. Tenho participado de debates e eventos. Mas a Federasul, por exemplo, fez um debate e não me convidou. Até a eleição tem muita conversa e muitos eleitores para buscar.

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