Em ritmo do funk “Que tiro foi esse?”, da cantora Jojo Maronttinni, o protesto em Porto Alegre, na noite desta terça, para pressionar o Supremo Tribunal Federal (STF) a decidir contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ironizou também os ataques contra a caravana petista pelo Sul. Na quarta-feira, o STF irá votar se Lula pode recorrer em liberdade da condenação a doze anos de prisão.
O protesto também teve uma “performance artística” com bonecos dos ministros que provavelmente votarão a favor de Lula. Os bonecos foram pendurados em uma passarela e julgados como “culpados”.O público chegou a pedir, em coro, “queima, queima”. “Imagina que vamos queimar [bonecos] de ministros, não somos loucos”, disse um integrante da organização, no carro de som. “Quem jogou um isqueiro aqui: não precisa, não faremos isso”, acrescentou.
A paródia de “Que tiro foi esse?”, em repúdio a Lula, recebeu os versos “Foi tudo armado” e “Fura a lata e se vitimiza, é a caravana do fiasco”. A hipótese de atentado forjado, defendida pelos integrantes do Movimento Brasil Livre (MBL) no carro de som, até o momento não foi confirmada pela polícia do Paraná, onde os tiros contra o ônibus foram disparados.
A versão do funk foi cantada diante de 50.000 pessoas. Esse é o número de participantes do protesto, segundo a organização, presentes na Avenida Goethe, em frente Parcão. A Brigada Militar, a PM gaúcha, não confirmou o número quando questionada por VEJA e informou não contabilizar o número de manifestantes. “A mídia vai dizer amanhã que tinha três mil pessoas [no protesto], então vamos gritar para eles: 50 mil!”, dizia no microfone um integrante do MBL.
O movimento que defende a revogação do estatuto do desarmamento, o “Armas pela Vida”, também participou do ato para pressionar o STF contra Lula, alegando que o habeas corpus irá dar liberdade a “assassinos, traficantes, estupradores e pedófilos”.
Uma vaquinha virtual coletou 3.573 reais para o evento – a meta era de 16.000 reais.
Pelo carro de som, passaram diversos políticos, incluindo um integrante do secretariado do prefeito Nelson Marchezan Jr. (PSDB), ligado ao MBL. O secretário Ramiro Rosário, da pasta de Serviços Urbanos, falou ao microfone, assim como os vereadores Ricardo Gomes (PP), Comandante Nádia (PMDB) e Felipe Camozzato (Novo).
“[O julgamento] é o divisor de águas da história do Brasil. Se hoje estamos nas ruas, pressionando politicamente um tribunal, é porque o tribunal, que deveria agir independentemente, já está sucumbindo”, disse Marcel van Hattem (Novo), candidato a deputado federal.
Por causa do ato, o trânsito foi bloqueado e linhas de ônibus precisaram ser desviadas.