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Política, negócios, urbanismo e outros temas e personagens gaúchos. Por Paula Sperb, de Porto Alegre

Caso de suposto ‘ritual’ com morte de crianças tem reviravolta

Justiça concedeu liberdade provisória a sete homens apontados como suspeitos de esquartejamento de dois irmãos; investigação “volta ao zero”, diz delegado

Por Paula Sperb
Atualizado em 9 fev 2018, 09h42 - Publicado em 7 fev 2018, 18h35

O caso de um suposto ritual de magia negra com o sacrifício de duas crianças que abalou o Rio Grande do Sul em janeiro pode ser uma grande mentira, afirma a Polícia Civil. Os corpos das crianças de fato foram encontrados ainda em 2017, mas os detalhes macabros do “sacrifício satânico” possivelmente foram inventados para desviar a investigação. Segundo a polícia, três testemunhas foram “compradas” para relatar a mentira e o homem que as teria corrompido está detido.

Em coletiva de imprensa realizada na tarde desta quarta, na cidade de Novo Hamburgo, na região metropolitana, o delegado Rogério Baggio, responsável pelo caso, afirmou que a investigação “voltou ao zero”. “O que tínhamos até aquele momento é mentira, é uma farsa. As testemunhas que deram um depoimento mentiram com riquezas de detalhes”, afirmou Baggio. A suposta “solução do caso” foi anunciada nas férias de Baggio pelo delegado substituto Moacir Fermino.

Com as novas informações, a Polícia Civil pediu à Justiça a liberdade provisória dos sete suspeitos (cinco presos e dois foragidos). “Neste momento, com o aprofundamento das investigações, se observa que as novas informações angariadas ao feito possuem o condão de derruir o conjunto probatório até então existente, revogo a prisão preventiva e concedo a liberdade provisória”, afirmou a juíza Angela Roberta Paps Dumerque na decisão desta quarta.

Porém, um novo suspeito está detido. Um homem foi preso apontado como responsável por orientar três testemunhas a mentir. Ele prometeu inclusive um salário proveniente do Programa Protege, que oferece proteção a delatores em risco. Uma das falsas testemunhas, inclusive, foi incluída no programa. Por isso, a Corregedoria da Polícia Civil (Cogepol) vai investigar se há envolvimento de algum servidor no caso. A investigação será conduzida pelo delegado Marcos Coelho Meirelles.

“São pessoas que estavam em dificuldade financeira e aí elas receberam essa proposta absurda ‘você vai lá, conta essa história’. As testemunhas foram induzidas e muito bem orientadas por pessoas que conhecem a realidade dos investigados e que conhecem muito bem a investigação. Somente quem conhece essas circunstâncias poderia dar essa riqueza de detalhes para que as pessoas viessem aqui e enganassem”, disse Baggio.

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As três testemunhas admitiram a farsa e contaram que aceitaram mentir para receber vantagens financeiras prometidas pelo homem que está preso. A polícia não vai revelar o nome do novo suspeito para não atrapalhar as investigações.

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