Curador do Queermuseu pede ao Senado que CPI não seja renovada
CPI foi transformada em "instrumento de perseguição a artistas e profissionais sérios e honestos", diz Gaudêncio Fidelis
Gaudêncio Fidelis, curador da exposição Queermuseu, fechada pelo Santander em Porto Alegre após protestos, pediu ao presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), que impeça a renovação da CPI dos Maus Tratos de Crianças. A CPI, que deveria investigar violência contra crianças, convocou o curador para depor por causa de boatos sobre a exposição.
Durante a sessão da CPI, presidida pelo senador Magno Malta (PR-ES), o relator, José Medeiros (PSD-MT), interrogou Fidelis inclusive sobre uma obra que não estava na exposição, que supostamente fazia apologia à pedofilia. A obra em questão foi divulgada por boatos da internet como se pertencesse à Queermuseu. O Ministério Público concluiu que a exposição não fazia apologia a nenhum crime.
O presidente da CPI, o senador Magno Malta (PR-ES), chegou a pedir a condução coercitiva de Fidelis, que recorreu ao Supremo Tribunal Federal (STF). O ministro Alexandre de Moraes indeferiu a liminar do curador e autorizou a condução à força. Porém, Malta acabou desistindo do recurso após pressão de um abaixo-assinado.
“Lamentavelmente esta CPI, que deveria ter motivações e objetivos nobres, foi transformada pelo Senador Magno Malta em um instrumento de perseguição a artistas e profissionais sérios e honestos, através de meios coercitivos, e com fins notadamente obscurantistas”, escreveu Fidelis no pedido ao Senado.
“Apelo a Vossa Excelência para impedir a renovação desta CPI, para que se apague essa mácula que a mesma deixou, ao perseguir e difamar trabalhadores inocentes e honestos no exercício de suas profissões”, acrescentou Fidelis.
O curador, que é doutor em História da Arte pela Universidade do Estado de Nova York, disse ainda que Malta usou a CPI para “próprio benefício” e “perseguição moralista”, atitudes que desprestigiam o Senado, “uma das instituições mais relevantes da nação brasileira”.