Os pré-candidatos à presidência da República Flávio Rocha (PRB) e João Amoêdo (Novo) defenderam, na tarde desta segunda, ideais liberais como privatizações e livre mercado. Os dois participaram de uma coletiva de imprensa promovida pelo Fórum da Liberdade, que ocorre na capital gaúcha. O evento receberá também o juiz Sergio Moro na terça-feira.
Os pré-candidatos Ciro Gomes (PDT) e Marina Silva (Rede) eram aguardados para a coletiva, mas não compareceram. Por sua vez, Geraldo Alckmin (PSDB) e Henrique Meirelles (MDB) se juntarão aos quatro para um painel à noite, mas avisou com antecedência que não participaria da coletiva. Jair Bolsonaro (PSL) rejeitou convite para participar do evento.
“Não existe melhor instrumento de distribuição de renda do que a sabedoria suprema do livre mercado. A economia livre não é apenas a melhor maneira de gerar riqueza, é a única maneira de gerar riqueza”, defendeu Flávio Rocha.
Ele também criticou o que chama de “regulação excessiva” feita por “analfabetos nas leis mais importantes, que são as leis do livre mercado”. Rocha chamou também o agronegócio de “setor mais perseguido que existe por questões ideológicas travestidas de questões ambientais ou indianistas”.
O candidato do PRB defendeu o porte de armas por meio de um “meio termo” entre proibição e liberação total. Rocha elegeu como prioridade a pauta da segurança e apontou o que considera uma “parceria entre esquerda e criminalidade”.
João Amoêdo defendeu princípios semelhantes aos citados por Flávio Rocha, porém exemplificou mais detalhadamente por que considera que o papel do estado deve ser mínimo. “O estado, normalmente, é um péssimo gestor. Gosto de dar o exemplo do Bolsa Família. Ao invés de o estado ir montar supermercado, comprar alimento, contratar caixas, ele simplesmente deu o dinheiro para a população e funcionou de uma forma muito melhor. Por que não colocar esse mesmo conceito para educação e, eventualmente, até para saúde? Dar o dinheiro na mão do cidadão e deixar ele escolher. Isso permitiria que os mais pobres que não têm acesso a escolas de melhor qualidade pudessem ter esse direito também”, explicou Amoêdo.
Ele também se diz preocupado com a segurança (ambos citaram os 60.000 homicídios anuais no país) e defende, além da revogação do Estatuto do Desarmamento, parcerias público privadas para a construção de mais presídios. Porém, criticou a intervenção federal no Rio de Janeiro, feita com pouco planejamento e possivelmente com interesses eleitorais, segundo ele. Ainda assim, destacou que era necessária alguma reação diante da criminalidade.
Liberdade de imprensa e MBL como “contraponto a monopólio de mídia”
Rocha é apoiado pelo Movimento Brasil Livre (MBL), associado a disseminação de fake news [notícias falsas] na internet e constrangimento de jornalistas profissionais por meio de postagens. Questionado se aprova essa postura, o candidato do PRB disse ser “contra o constrangimento de jornalistas na internet”, mas fez questão de enaltecer o movimento.
“O direito de imprensa é um valor sagrado. Tenho tido contato com o MBL, mas absolutamente não percebo essa intenção ou valor [de propagar fake news e constranger jornalistas]. Pelo contrário. Acredito até que o MBL e outros movimentos conseguiram abrir espaço e oxigenar o debate. O que existia era um monopólio de um lado [mídia]. Jovens como o MBL e outros movimentos conseguiram colocar um contraponto neste fato [monopólio]. Sou contra o constrangimento de jornalistas na internet, mas quero aqui reconhecer o papel fundamental do MBL e de outros movimentos que conseguiram enriquecer o debate que estava em monopólio de um lado”, disse Rocha.
Também questionado sobre o tema, Amôedo afirmou que é “totalmente contra a perseguição a jornalistas”. “Um dos principais princípios do Novo é liberdade com responsabilidade. O Novo já nasceu com esse intuito de defender a liberdade do cidadão e, consequentemente, da imprensa. Sempre com responsabilidade. Cabe a todos nós termos ciência do que estamos escrevendo ou falando. Mas a liberdade tem que existir de qualquer forma. É um princípio muito importante do Novo. A gente é totalmente contra qualquer tipo de perseguição. O que a gente precisa no Brasil é justamente uma imprensa livre, atuante e participativa para fazer as mudanças que a gente gostaria”, falou o candidato do Novo.