Diante dos vereadores da capital gaúcha, um vídeo com o prefeito Nelson Marchezan Jr. (PSDB) dizendo que “parlamentar é cagão” foi exibido na sessão da última segunda e irritou os legisladores municipais. Recentemente, os vereadores livraram Marchezan de um pedido de impeachment.
Marchezan fez a declaração polêmica há dez dias durante o 3º Congresso do MBL (Movimento Brasil Livre), em São Paulo. “Em nenhum momento de meu pronunciamento fiz referência específica à Câmara de Vereadores de Porto Alegre, e nem às votações de projetos do Executivo Municipal, que estão em andamento naquela Casa”, disse Marchezan em nota a VEJA.
O vídeo do prefeito foi exibido no plenário por iniciativa do vereador Claudio Janta (SD), que disse que “só é valente quem não consegue resolver os problemas da cidade, atacando os parlamentares”, uma crítica irônica ao prefeito.
Com a indignação generalizada entre vereadores, Aldacir Oliboni (PT) protocolou um requerimento para convocar Marchezan à Câmara para dar explicações. O requerimento já tem apoio de dezesseis dos trinta e seis vereadores e será votado na próxima quarta. “Lamentavelmente, é isso que o Marchezan pensa de nós, que somos cagões”, disse Oliboni. Do PMDB, o vereador André Carús chamou Marchezan de “verborrágico”.
A fala de Marchezan no congresso do MBL foi dita em um contexto em que criticava parlamentares supostamente liberais, no seu ponto de vista, e que votam a favor de propostas que criam despesas públicas quando deveriam rejeitá-las, de acordo com o prefeito. Antes de comandar Porto Alegre, Marchezan foi deputado. “Parlamentar é cagão”, disse sobre votações impopulares. “Tem cinquenta [pessoas] berrando e ele[parlamentar] diz que é a sociedade que está lá”, falou Marchezan no congresso do MBL.
“Fui parlamentar por mais de dez anos, e a fala foi feita dentro de um contexto de análise política. Saliento ainda que as corporações se organizam e trabalham por seus interesses privados, sendo claro que galerias lotadas interferem nas atividades e decisões dos parlamentares. Qualquer outra interpretação serve a interesses menores e significa perda de energia que poderia ser dedicada à superação da enorme crise que enfrentamos”, disse ainda o prefeito através de nota enviada a VEJA.
Na ocasião, o prefeito também chamou políticos petistas de “erva daninha” e citou como exemplo os gaúchos Olívio Dutra, Tarso Genro, Luciana Genro, Manuela D’Ávila e Henrique Fontana. “Tenho raízes [de erva daninha] para arrancar lá [no Rio Grande do Sul]”, disse o prefeito no evento.
Pagando os salários dos servidores atrasados, Marchezan disse que um “pacto federativo” que remeta mais verba aos municípios não é saída para as finanças públicas. “Tô quebrado em Porto Alegre, não pago salário, não pago servidores, mas se botar dinheiro, ele vai de novo para despesa de pessoal que vai crescer. Tem que arrumar a estrutura”, argumentou.