Com a voz mais rouca do que o normal após uma semana de comícios, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva encerrou sua caravana pelo Rio Grande do Sul na noite desta sexta-feira, em São Leopoldo, na região metropolitana de Porto Alegre.
A organização do evento estima que 15.000 pessoas estiveram presentes no ato. A poucos metros do comício, o Movimento Brasil Livre (MBL) organizou um protesto contrário. O ato em São Leopoldo iniciou com atraso após um desvio no trajeto por causa do bloqueio na entrada de Passo Fundo. Um homem acabou preso por barrar com tratores a passagem da caravana de Lula, que não entrou na cidade como planejado.
Em São Leopoldo, Lula falou novamente que deseja que o “mérito do processo” em que foi condenado seja julgado. “Não quero favor, quero que julguem o mérito”, disse. “Não vou ser preso porque não cometi crime. Mas sou acusado, sou processado até por compra de aviões de caça quando a Dilma era presidenta”, falou Lula.
O ex-presidente criticou mais uma vez a Rede Globo dizendo que a emissora “não vai descansar enquanto não colocar no jornal eu andando preso”, o que chamou de “quase uma obsessão”.
O petista comentou ainda o bloqueio da estrada com tratores e pneus queimados, que impediu sua entrada em Passo Fundo. “Eu ia cantar [música de Teixeirinha] para eles, mas os ignorantes queimaram pneu na rua”, disse. Quase sem voz, Lula cantarolou os versos da canção tradicionalista que diz “me perguntaram se eu sou gaúcho, está na cara repare o meu jeito, sou do Rio Grande lá de Passo Fundo, trato todo mundo com muito respeito”.
O ex-presidente comentou também os protestos em Bagé. “Tentaram evitar que eu visitasse uma universidade que eu criei”, disse sobre a Unipampa.
Lula disse na quinta-feira, em entrevista à Rádio Guaíba, que “não acha ruim” protesto contra ele porque já fez “contra os outros”. Porém, o ex-presidente criticou as tentativas de impedi-lo de entrar nas cidades gaúchas. “A vida inteira tive movimentos contra. Política é isso mesmo. Já fiz isso tantas vezes contra os outros, não posso achar ruim quando é contra mim. O que achei uma afronta é as pessoas se dotarem do direito de achar que você não pode entrar numa cidade. Meia dúzia de fazendeiros e jovens agricultores que [pensam] podem impedir dois ex-presidentes de entrar numa cidade”, disse Lula.