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Política, negócios, urbanismo e outros temas e personagens gaúchos. Por Paula Sperb, de Porto Alegre

Nascido sem pés, corredor aguarda cirurgia e sonha com Tóquio

Roger Jacintho prefere correr descalço porque suas próteses são muito pesadas; gaúcho se prepara para as Paralimpíadas no Japão, em 2020

Por Paula Sperb
Atualizado em 8 ago 2017, 14h24 - Publicado em 8 ago 2017, 13h22

Usando próteses de madeira e gesso para caminhar, Roger Gross Jacintho, de 18 anos, carrega quase três quilos em cada perna. O jovem de Porto Alegre nasceu sem os dois pés. Desde o primeiro ano de vida, assim que deu os primeiros passos, se move com ajuda do equipamento. As próteses, fornecidas pelo Sistema Único de Saúde (SUS), são trocadas a cada ano, conforme o garoto cresce.

“Nunca tive dificuldade com nada, sempre fiz tudo de igual para igual, sempre joguei bola com meu irmão”, conta Roger. Ele tem um irmão gêmeo que, ao contrário dele, nasceu com os pés.

A diferença, porém, não impediu que o gaúcho se tornasse um corredor. O garoto corre desde os treze anos. Antes, Roger fazia natação. Quem o vê na pista pode estranhar o fato de o garoto competir sem os tênis. A opção por correr descalço (veja imagem abaixo) é para diminuir o peso que carrega das próteses e conseguir mais velocidade.

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Sem tênis, Roger Jacintho corre com próteses de gesso e madeira no – Centro de Treinamento Paralímpico Brasileiro, em 2016 (Daniel Zappe, CPB/Divulgação)

A tática tem dado certo: Roger venceu as categorias dos 100 e 400 metros rasos em 2015 e 2016, nas Paralimpíadas Escolares, realizadas em Natal e São Paulo, respectivamente. Agora, o gaúcho se prepara para disputar as Paralimpíadas de Tóquio, em 2020. As Paralimpíadas serão a prioridade em Tóquio, disse a governadora Yuriko Koike, recentemente. “O sucesso das Paralimpíadas é a verdadeira chave para o sucesso dos Jogos aqui”, afirmou.

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Para competir no Japão, porém, Roger precisa realizar uma cirurgia para diminuir suas dores. Há três meses, os treinos são menos frequentes por causa do incômodo. Ele está na fila do SUS para realizar o procedimento, que terá a data marcada daqui um mês. “Estou há quase dois anos para fazer a cirurgia e, a cada dia que passa, é mais difícil para treinar”, disse a VEJA.

Além da cirurgia, o para-atleta precisa de novas próteses para que ganhe agilidade para defender o Brasil nas disputas em Tóquio. O gesso e a madeira precisam ser trocados por lâminas de fibra de carbono, como as do ídolo Alan Fonteles, medalhista de ouro nos Jogos Olímpicos de Londres em 2012 e de prata em Pequim-2008.

As próteses de carbono, entretanto, não são oferecidas gratuitamente pelo governo, como as atuais. Cada lâmina custa em torno de R$ 15 mil, segundo Roger. Sua família não tem condições de adquirir o equipamento. “É o que eu mais quero”, afirma.

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