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‘Piores dias da vida’, diz homem acusado de falso ritual satânico

Vendedor ficou vinte dias preso e recebeu ameaça de morte por envenenamento; ele foi solto após delegado descobrir que testemunhas foram compradas

Por Paula Sperb
Atualizado em 15 fev 2018, 15h25 - Publicado em 15 fev 2018, 14h56
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  • Paulo Ademir Norbert da Silva, de 48 anos, ficou preso por 20 dias após testemunhos falsos que o denunciavam em suposto ritual de magia negra (Paula Sperb/VEJA.com)

    De suspeito de encomendar o sacrifício de crianças em um ritual a vítima de uma mentira, o vendedor Paulo Ademir Norbert da Silva, de 48 anos, tenta recomeçar sua vida após passar vinte dias na prisão. Ele é um dos sete homens apontados por testemunhas compradas como os responsáveis pelo esquartejamento de dois irmãos – o assassinato dos irmãos cujos corpos foram encontrados em 4 de setembro, em Novo Hamburgo, segue sem solução.

    O delegado Rogério Baggio descobriu que toda a história do suposto ritual é mentira. A falsa solução do crime foi apresentada pelo delegado Moacir Fermino em janeiro durante as férias de Baggio, que conduzia as investigações. Agora, Fermino e sua equipe estão sendo investigados pela Corregedoria-Geral da Polícia Civil (Cogepol). Fermino foi afastado judicialmente de sua função por 30 dias, conforme o delegado-corregedor A reportagem tentou contato com Fermino, que não atendeu as ligações.

    “Foram os piores dias que tive na vida. Não conseguia comer porque diziam que colocariam veneno na minha comida. Não conseguia dormir porque diziam que iam me matar jogando uma lança pelo buraco [da cela]. Eu ficava me perguntando ‘por que isso?’. Tentava encontrar alguma coisa que justificasse”, disse Silva a VEJA, em entrevista no escritório dos seus advogados, Sérgio Campelo e André Leão.

    “As vítimas, até então suspeitas, foram postas em liberdade. Fiquei mais tranquilo. A maior satisfação do trabalho não é prender, como as pessoas podem imaginar, mas libertar pessoas inocentes”, falou Baggio em entrevista no seu gabinete.

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    Os advogados contaram que, inicialmente, não tiveram acesso ao inquérito conforme prevê a lei. Segundo eles, o delegado Fermino negou o acesso mesmo diante da intervenção da OAB. O acesso só foi possível quando Baggio retornou das férias. “Agora trabalhamos para recuperar a dignidade e a imagem do Paulo”, disse Campelo.

    “Tenho uma família que teve que ouvir que eu comi carne de criança e bebi sangue. É uma coisa de perder o sono. Quem tem psicológico [sic] para encarar a vida agora? Se fosse só eu, mas tenho cinco filhos, um de criação, e dois netos. Quem faria tanto mal? A família toda acredita em mim, mas não caiu a ficha ainda do que vai acontecer daqui para frente”, disse o vendedor à reportagem.

    Silva vendia sapatos, terrenos e carros usados sem um emprego formal. Porém, agora, não consegue fazer as vendas que sustentavam a família. “Não tenho mais nenhum trabalho e nada para fazer. Eu vendia sapatos que retirava na fábrica com consignação, mas não me entregaram mais. Minha dignidade foi para o lixo”, falou.

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    A Cogepol investiga por que existem mais de dez inquéritos contra Silva por crime ambiental e estelionato registrados na delegacia comandada por Fermino. A maior parte dos inquéritos foi registrada a partir de setembro, quando partes dos corpos das crianças foram encontrados em um terreno baldio vendido por ele. Silva chegou a ser preso em flagrante em 22 de setembro por vender irregularmente lotes do terreno. Essa prisão não tinha relação com as mortes das crianças que era investigada por Baggio.

    “Minha vida foi um inferno. Primeiro prendem e depois buscam as provas. A pessoa é louca que criou todo esse teatro”, disse Silva.

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