Projetado por Oscar Niemeyer em 2007, ano em que o arquiteto completou cem anos, o Memorial Luís Carlos Prestes, em Porto Alegre, é alvo de polêmica após uma década. A forma da construção lembra uma foice, símbolo do comunismo, e tem predomínio da cor vermelha. Dez anos depois do projeto, uma iniciativa tentou modificar o nome do prédio desenhado por Niemeyer com finalidade de homenagear o militar comunista que liderou a “Coluna Prestes” (1926-1927). A marcha partiu da cidade gaúcha de Santo Ângelo, no noroeste gaúcha, onde existe desde 1996 um museu chamado “Memorial Coluna Prestes”.
Se em Santo Ângelo o nome do museu é uma referência direta ao líder, em Porto Alegre o vereador Professor Wambert (PROS) tentou modificar o título e a finalidade do prédio criado por Niemeyer e que deve ser inaugurado neste ano. Wambert protocolou o projeto para chamar o local de Museu da História e da Cultura do Povo Negro com a justificativa de que Prestes foi “um traidor da Pátria e que “saqueou e destruiu diversas propriedades, deixando um rastro de morte e destruição por onde passava”.
Na última quarta, porém, a maioria dos vereadores votou pela derrubada do projeto e a favor da manutenção da homenagem. Por 19 votos a 13, o Memorial Luís Carlos Prestes manterá sua finalidade. A construção fica na Avenida Edvaldo Pereira Paiva, junto ao Anfiteatro Pôr do Sol e ao rio Guaíba, cartões-postais da capital gaúcha. Durante a votação, um grupo contrário ao memorial segurava cartazes com dizeres como “homenagem a assassino?” e “homenagem para as vítimas do comunismo?”.
“Como arquiteto, vejo, satisfeito, que meu projeto vai contribuir para manter viva a memória de Luís Carlos Prestes, um brasileiro que lutou em favor de seu povo, contra a miséria e a desigualdade social que, infelizmente, ainda persistem em nosso país”, escreveu Niemeyer em artigo publicado no jornal Folha de São Paulo, logo após desenhar o prédio.