Tirar Lula da eleição seria ‘tapetão do Judiciário’, diz Boulos
Líder do MTST criticou processo contra petista e a decisão de proibir ato em favor do ex-presidente na Avenida Paulista, em São Paulo
O líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Guilherme Boulos, criticou nesta terça-feira em Porto Alegre o processo contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a decisão da Justiça de São Paulo, que proibiu atos pró-Lula na Avenida Paulista.
Para Boulos, excluir Lula da eleição presidencial seria um ato de “tapetão do Judiciário”. O líder participou do evento “Ação Global Anti Davos”, atividade ligada ao Fórum Social Mundial 2018 e parte da agenda de atos a favor de lula, que terá seu recurso julgado nesta quarta pelo Tribunal Regional Federal da 4 Região (TRF4).
“Interditar o presidente Lula no tapetão do Judiciário é um atentado democrático. Não se trata de gostar ou não de Lula. Se trata de defender a democracia. É uma condenação sem provas, casuística, que o Brasil todo vê que tem o objetivo de tirá-lo da eleição”, disse Boulos a jornalistas presentes.
O líder do MTST argumenta que depois do impeachment de Dilma Rouseff (PT), “se abriu a porteira da instabilidade institucional”. “Nada mais se tornou impossível. Segurança jurídica zero. Qualquer coisa pode acontecer. Isso é grave”, falou Boulos.
Sobre sua candidatura a presidente nas eleições de outubro, Boulos disse que não há nenhuma definição ainda”e que o assunto está sendo debatido com o MTST e com o PSOL, partido que o convidou para disputar a Presidência. “Faço parte do MTST há dezesseis anos. Cada vez mais o movimento tem trazido para si fatos mais amplos da sociedade. Isso tem a ver com o momento que estamos vivendo. Dentro desses debates, houve um convite do PSOL para uma candidatura presidencial. Não há nenhuma definição ainda. isso está sendo debatido com o MTST, com o PSOL. Neste momento exatamente nossa preocupação está na defesa da democracia”, falou.
Quanto à proibição dos atos pró-Lula na Avenida paulista, Boulos criticou a atuação da Justiça: “[Michel] Temer com mala de dinheiro, tem a gravação, tá lá no Planalto. O Aécio [Neves] disse que ia matar o primo antes de delatar [está no Senado]. Essa Justiça disse que a gente não vai poder ocupar a Paulista. Se eles fecham a porta, a gente vai ter que ter força para arrombar essa mesma porta para garantir a democracia do país”, falou para a plateia.
O evento contou com a presença de figuras como Roberto Requião (PMDB) e Eduardo Suplicy (PT). Requião disse que “não é devoto de político algum”, mas também defendeu a inocência de lula, condenado a nove anos e meio de prisão pelo juiz Sergio Moro por corrupção passiva. Após a fala do senador paranaense, a militância gritou “vem para o PT, Requião”.
Por sua vez, o senador gaúcho Paulo Paim (PT), candidato à reeleição para o mesmo cargo, disse que está aberto para uma possível candidatura de Dilma ao Senado também pelo Rio Grande do Sul. “A Dilma escolhe o cargo que ela quiser aqui no estado e vou ter muito orgulho de caminhar do lado dela”, disse.