O financiamento de campanhas eleitorais por empresas privadas é dos temas mais espinhosos para qualquer democracia. Não é à toa que o PT defende, publicamente, tanto proibir esse tipo de doação quanto aceitá-la “de cabeça erguida”.
Afinal, o partido que aceita doação de empresas será suspeito de beneficiá-las de modo direto – contratando empresas doadoras para realizar obras públicas, por exemplo, com ou sem propina – ou indireto, bloqueando projetos de lei que as prejudiquem.
As evidências de que empresas que doam para campanhas políticas beneficiam-se de contratos públicos são claras, de acordo com os cientistas políticos Taylor Boas, Daniel Hidalgo e Neal Richardson. Em estudo publicado pelo prestigioso Journal of Politics, mostram que quem doou para um deputado federal petista na campanha de 2006 recebeu, em contatos públicos, de 14 a 39 vezes o dinheiro investido nas eleições, em média. O trabalho identifica Hideraldo Luiz Caron, então diretor de infraestrutura do DNIT, como o elo entre doações eleitorais ao PT e contratos para empresas que doaram aos partidos.
Se financiamento de empresas para campanhas eleitorais é bom ou ruim, não sei. Não há, necessariamente, corrupção nesse jogo. Mas o fato é que esse estudo indica que empreiteiras de pequeno e médio porte – não apenas Odebrechts – precisam gastar dinheiro com política (legal ou ilegalmente) para sobreviverem.
Entre em contato pelo meu site pessoal, Facebook e Twitter