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Sobre Palavras

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Este blog tira dúvidas dos leitores sobre o português falado no Brasil. Atualizado de segunda a sexta, foge do ranço professoral e persegue o equilíbrio entre o tradicional e o novo.
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A hora do ‘tchau’

Com termo importado do italiano, colunista se despede dos leitores depois de 240 ‘Palavras da semana’

Por Sérgio Rodrigues
Atualizado em 31 jul 2020, 00h27 - Publicado em 18 set 2015, 17h34

Fig01-1edQuem não sabe que a interjeição de despedida mais usada no português brasileiro, “tchau”, veio do italiano ciao – uma palavra ambivalente que, em sua língua original, pode ser empregada tanto com o sentido de “olá” quanto com o de “adeus”?

Consta que essa importação se deu no início do século XX, com possível influência da forma chau usada no espanhol sul-americano: a grafia aportuguesada “tchau” data de algum momento em torno de 1925, segundo o Houaiss – que curiosamente, contrariando seus padrões, não fornece a fonte dessa informação.

Se é famoso o parentesco de tchau com ciao, muito menos conhecida – na verdade, praticamente secreta – é a relação direta que existe no italiano entre as palavras ciao e schiavo, isto é, “tchau” e “escravo”. Ciao vem a ser uma variação dialetal de schiavo surgida no Norte da Itália.

A palavra schiavo não é mais nem menos pesada do que o português “escravo” e o inglês slave, entre outros termos da mesma família que se espalharam pelas línguas ocidentais. Todos derivam, naquilo que uma sensibilidade contemporânea classificaria como o mais alto grau da incorreção política, do latim medieval slavus, sclavus. Trata-se da mesma origem do termo “eslavo”, nome genérico dos habitantes da Europa central e oriental que os povos germânicos escravizaram maciçamente na Idade Média.

Sendo assim, como foi que o termo schiavo, com suas conotações sombrias, veio a se tornar uma saudação jovial e despreocupada em italiano? O que à primeira vista não faz o menor sentido é na verdade de solução simples: ciao é o produto final de uma série de abreviações efetuadas na expressão de cortesia sono suo schiavo (“sou seu escravo”), equivalente à nossa formula “sou seu criado”.

*

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Com este texto publicado aqui em 2012, este “seu criado” começa a se despedir dos leitores. Depois de mais de cinco anos, esta (a 241.a) é a última Palavra da semana, seção de sexta-feira de Sobre Palavras. A coluna será atualizada pela última vez na próxima quarta-feira, mas o arquivo continuará no ar em VEJA.com para quem quiser consultar seus mais de 1.200 posts.

Agradeço a todos pela leitura e em especial aos que, coautores da obra, contribuíram para o sucesso da coluna com suas dúvidas e sugestões. Foi um privilégio dividir este espaço com vocês. Deixo um convite para que continuemos em contato por meio de meu site pessoal sobre o português brasileiro, o Melhor dizendo, e de sua página no Facebook. Espero encontrá-los por lá. Até breve!

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