Black Friday: Assine a partir de 1,49/semana
Imagem Blog

Sobre Palavras

Por Sérgio Rodrigues Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Este blog tira dúvidas dos leitores sobre o português falado no Brasil. Atualizado de segunda a sexta, foge do ranço professoral e persegue o equilíbrio entre o tradicional e o novo.

Qual é a palavra preferível, ‘assassinato’ ou ‘assassínio’?

A primeira foi condenada pelos puristas, mas eles perderam a guerra

Por Sérgio Rodrigues
Atualizado em 31 jul 2020, 00h28 - Publicado em 16 set 2015, 17h03

assassinato-no-expresso-do-oriente-12-suspeitos-e-um-final-inesperado-livro-agatha-christie6

“Prezado professor, fiz aposta com um amigo e gostaria que o senhor decidisse a parada. Ele diz que a palavra ‘assassinato’ é mau português e que devemos dar preferência a ‘assassínio’. Eu digo que nunca ouvi falar disso e que nem morto vou falar ‘assassínio’! E agora?” (Eduardo Bicalho)

O amigo de Jurandir ouviu o eco de uma velha implicância dos ultraconservadores do idioma – uma implicância que, convenhamos, não faz sentido há muito tempo, se é que um dia fez.

A palavra “assassinato” está além da consagração e seu sinônimo “assassínio”, embora bem vivo em Portugal, é um vocábulo de uso raro no português brasileiro.

Há cerca de cem anos era comum esbarrar nos chamados puristas, que se dedicavam à caça de palavras importadas – sobretudo do francês, o principal idioma imperialista da época.

Continua após a publicidade

“Assassinato”, que fomos buscar no francês assassinat, caiu nessa categoria. “É francesismo. Temos assassínio ou assassinamento”, escreveu em 1938 um daqueles puristas, o português Vasco Botelho de Amaral, em seu “Dicionário de dificuldades da língua portuguesa”.

A campanha contra “assassinato” nunca colou. O próprio Amaral, no mesmo verbete, anota que o escritor Camilo Castelo Branco, “apesar de criticar o estrangeirismo, usa-o”.

Grande parte da dificuldade de assassinar a palavra “assassinato” reside no fato de que ela é na verdade anterior a “assassínio” – data do século XVII, segundo o Houaiss, enquanto “assasssínio” é do início do XVIII.

Continua após a publicidade

Além disso, esta também não passaria no teste de pureza dos puristas: sua origem provável é o italiano assassinio.

Mesmo derrotada, a campanha dos puristas não passou inteiramente em branco. Ainda hoje os dicionários brasileiros, Houaiss e Aurélio à frente, remetem de “assassinato” para “assassínio”, como se fosse esta a palavra preferível – o que talvez faça sentido de uma perspectiva lusocêntrica, mas no âmbito da língua falada em nosso país não faz nenhum.

Quanto àquela aposta – que tal declarar empate?

Continua após a publicidade

*

Envie sua dúvida sobre palavra, expressão, dito popular, gramática etc. Às segundas, quartas e quintas-feiras o colunista responde ao leitor na seção Consultório. E-mail: sobrepalavras@todoprosa.com.br

Publicidade

Imagem do bloco

4 Colunas 2 Conteúdo para assinantes

Vejinhas Conteúdo para assinantes

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 5,99/mês*

ou
BLACK
FRIDAY
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (menos de R$10 por revista)

a partir de 39,96/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.