Data de 1940 a estreia da expressão salário mínimo num dicionário brasileiro, o mesmo ano em que, no Primeiro de Maio, o decreto-lei 2.162 do ditador Getúlio Vargas instituiu o salário mínimo – ou melhor, os salários mínimos, no plural. É que, como os animais de George Orwell na famosa sátira stalinista “A revolução dos bichos”, alguns dos mínimos eram mais mínimos que outros.
Refletindo as profundas desigualdades regionais brasileiras, a escadinha de 1940, que levava dos 90 mil réis nos grotões do Nordeste aos 240 mil réis na capital, tinha outros 12 degraus. E depois piorou: o número de patamares regionais do salário mínimo brasileiro cresceria até atingir o máximo de 38 em 1963. Só em 1984 o mínimo seria unificado no país.
A escadinha fora decidida ao fim de laboriosos estudos desde que Vargas tinha “criado” o mínimo, dois anos antes. Na prática, o que se firmou em 1938 foi um protocolo que só entraria em vigor em 1940, mas, caso a data mais antiga seja levada em conta, o Brasil pode se gabar de um empate honroso (cronológico e não pecuniário, bem entendido) com os EUA, que tiveram seu mínimo federal criado também em 1938 por Franklin Roosevelt.