Como é tradicional, a rede Globo foi a responsável por transmitir a abertura dos Jogos Olímpicos no Brasil pela TV aberta. Mas ao abrir mão dos direitos de transmissão on-line, a emissora carioca ganhou uma corrente peculiar: a Cazé TV, parceria entre a Livemode e o youtuber Casimiro Miguel, que também transmitiu a abertura através do YouTube e do Twitch. Apesar do conteúdo igual, a apresentação de cada um não poderia ser mais diferente.
Enquanto a transmissão na Globo seguiu o padrão jornalístico tradicional, sem muito espaço para piadas e bastante informação, combinação comandada pelo narrador Luís Roberto, a Cazé TV apostou no humor debochado, com direito a brincadeiras de conotação sexual – muitas delas graças a participação do carnavalesco Milton Cunha entre os comentaristas.
Seriedade versus humor das redes
Na Globo, a bancada de comentaristas contou com a presença de Galvão Bueno, da ex-ginasta Daiane dos Santos e do surfista Ítalo Ferreira. Com uma equipe preparada, o canal fez um bom trabalho no quesito informação: ofereceu ao público detalhes sobre a história da Olimpíada, com a entrada da delegação Grega, onde os jogos começaram, pontuou sobre a crise de refugiados, deu detalhes sobre a reforma da Catedral de Notre Dame, e explicou a engenharia por trás da cerimônia — como, por exemplo, o fato de que donos de barcos ancorados no Sena foram incentivados a ceder as embarcações para o evento e até pilotá-las na cerimônia, além de números e curiosidades sobre as delegações olímpicas e recordes que podem ser batidos nesta edição.
Na Cazé TV, claro, informações também foram oferecidas pelos apresentadores – além do próprio Casimiro e Cunha, a bancada ainda contou com Luís Felipe Freitas, Belle Suarez e a medalhista olímpica Adenizia Ferreira – depois substituída por Serginho do vôlei. No canal no YouTube, a transmissão que chegou a 600 000 pessoas assistindo, foi anunciada como “babilônica”. Aproveitando a liberdade da internet, os comentaristas fizeram gracinhas como: “quero ir para a Croácia, que homens lindos”; “Lady Gaga é foda”; e um trocadilho infâme sobre “a nau brasileira’.
Na Globo, como era esperado, a seriedade não pode ser confundida com frieza: a equipe de transmissão conversava de maneira animada entre si, pontuando informações sobre o torneio. No comando da transmissão, Luís Roberto até arriscou uma palavra ou outra em francês, e não escondeu a curiosidade sobre o carregador da tocha e nem o entusiasmo ao ver o barco que carregava a delegação brasileira passar com os atletas entoando o famoso cântico: “Eu sou brasileiro com muito orgulho, com muito amor”.
A boa notícia é que, nesses jogos, não vai faltar humor para todo tipo de espectador.