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Críticas e análises sobre o universo da televisão e das plataformas de streaming

A reviravolta no caso Jéssica Canedo em escândalo com Mynd8 e Choquei

Polícia conclui que jovem que tirou a própria vida inventou fake news sobre romance com Whindersson Nunes

Por Kelly Miyashiro Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 9 Maio 2024, 11h33 - Publicado em 6 mar 2024, 12h18

A Polícia Civil de Minas Gerais apresentou a conclusão do inquérito de investigação da morte da mineira Jéssica Canedo, de 22 anos, que tirou a própria vida após ter sido alvo de uma fake news de que teria um romance com o youtuber Whindersson Nunes e recebido uma onda de ataques nas redes sociais — inflamada por perfis de fofoca como a Garotx do Blog, até então agenciada pela Banca Digital, parceira da agência Mynd8, e também da Choquei. Segundo a apuração, a própria Jéssica criou o print de uma conversa falsa com Nunes e mandou para os perfis de “entretenimento”. O caso aconteceu no final do ano passado.

A jovem estudante morreu em Araguari, no Triângulo Mineiro, no dia 22 de dezembro de 2023. “Durante as investigações foi apurado e concluído que todas as fofocas veiculadas pelas páginas foram criadas e divulgadas pela própria jovem. Ela fez toda a montagem e divulgou para as páginas de notícias sobre o seu relacionamento com o humorista”, declarou o delegado Felipe Oliveira Monteiro, da Delegacia de Homicídios da 4ª DRPC/Araguari em coletiva de imprensa realizada na manhã desta quarta-feira, 6.

Os investigadores encontraram indícios de que Jéssica criou três perfis falsos para entrar em contato com as páginas, se passando por terceiros, alegando ter um “furo” — jargão de jornalismo para notícia em primeira mão — e mandava prints de supostas conversas entre ela e Whindersson Nunes. As páginas mostraram as conversas trocadas com a jovem, que primeiramente confirmou que estava conversando com o humorista, mas que o conteúdo estaria sendo distorcido nas redes sociais — depois, ela negou as informações. Na época, Jéssica sofreu ataques na internet e publicou um desabafo para que cessassem os comentários de ódio. Whindersson também negou os boatos. Depois de mais ataques e deboches, Jéssica, que já sofria de depressão segundo a família, tirou a própria vida.

De acordo com a polícia, as páginas de fofoca, incluindo Choquei e Garotx do Blog, não serão indiciadas porque disseminar fake news ainda não é crime no Brasil.

A Mynd8

Em entrevista a VEJA em fevereiro, Fátima Pissara, CEO da Mynd8, comentou a tragédia — que levou sua agência e sua família a também sofrerem uma onda de ataques sob acusações de que a empresa seria responsável pela morte de Jéssica ao “orquestrar” a disseminação de fake news. Atualmente, a Mynd8 é uma das maiores agências de publicidade e marketing de influência do país. “Nós trabalhamos com a Banca Digital, do Murilo Henare, e o Garotx do Blog, que integra esse projeto, estava nesse balaio de páginas que compartilharam a fake news. Não sabemos até agora como isso começou, só sabemos que as páginas recebiam aquele print falso [de uma suposta conversa entre a Jéssica e o Whindersson] várias vezes, e aí aconteceu essa fatalidade. Quem virou o centro do debate foi a Choquei, mas a Mynd8 não é dona da Choquei, nunca foi”, declarou a empresária.

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“A página Choquei chegou a ser agenciada pela empresa, mas já não era mais do grupo há dois anos. Um movimento de robôzinhos ficou o dia inteiro nos atacando, mentindo sobre esse fato. Agora nós estamos tentando dar às páginas de entretenimento muito mais informações de caráter jornalístico, que é importante seguir um manual de redação, para eles se profissionalizarem cada vez mais, mas nós não mandamos no conteúdo editorial, só administramos a parte comercial dos perfis. Cada perfil da Banca tem seu dono”, concluiu Fátima na ocasião.

A Garotx do Blog foi afastada da Mynd8 depois da morte de Jéssica Canedo e, até o momento, seu contrato com a Banca Digital e Mynd8 está suspenso.

Influenciadores em xeque

O caso Jéssica Canedo reacendeu o debate sobre a credibilidade de influenciadores digitais e páginas de fofoca, que replicam informações sem checagem ou produtos de qualidade duvidosa nas redes sociais, gerando desconfiança do público. Na era do mundo conectado, há um movimento da sociedade em almejar o posto de influência na internet, vislumbrando ganhos financeiros astronômicos — mas sem qualquer senso de  responsabilidade sobre aquilo que se propaga.

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