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A série ‘Yellowstone’ é de direita? Ator fala a VEJA sobre essa fama

Em entrevista, Gil Birmingham, que interpreta Thomas Rainwater, discorre sobre a última temporada do drama apelidado de 'Succession republicano'

Por Thiago Gelli 13 nov 2024, 15h44

Após quase dois anos de hiato, a série americana Yellowstone voltou a lançar episódios semanais de sua quinta e última temporada na plataforma de streaming Paramount+. O atraso tem motivo: a leva de seis capítulos foi afetada pelas greves de atores e roteiristas que abalaram Hollywood em 2023, mas também pela saída do protagonista Kevin CostnerNa trama de faroeste moderno, Costner interpretava John Dutton, dono do rancho Yellowstone, e que vive em disputa de terras e de poder com indígenas, proprietários vizinhos e até com os próprios herdeiros ambiciosos — daí o apelido dado ao programa de “Succession republicano”. Com a despedida do ator, que optou por se dedicar novamente ao cinema, roteiristas e atores da série tiveram que adaptar a finalização da obra, resultando numa trama que agora dá ênfase a outros familiares do clã Dutton e a coadjuvantes queridos pelo público.

Dentre eles, ganha destaque Thomas Rainwater, o Alto Chefe das Tribos Confederadas de Broken Rock e magnata por trás do principal cassino da região. Em entrevista a VEJA, seu intérprete, Gil Birmingham, comenta a relevância do papel para sua carreira, o encerramento surpreendente da saga e sua percepção quanto ao debate público em torno do seriado, que já foi nomeado uma “fantasia conservadora” pelo jornal The New York Times, por sua trama que exalta a masculinidade e não economiza na violência.

É raro que atores indígenas interpretem personagens tão complexos quanto o seu, especialmente ao longo de uma narrativa de cinco temporadas. Como compara essa oportunidade que teve em Yellowstone com outras que encontrou na indústria? Acho que, para mim, na minha carreira, esse é o auge da interpretação de um personagem indígena com arbítrio, poder e inteligência. Você está certo, é muito raro ver isso, de maneira geral. Normalmente, os papéis são restritos a filmes de época, como se fôssemos artefatos históricos, e, na maioria das vezes, os retratos acabam imprecisos. A excelência da série tem que ser creditada à escrita de um homem de visão, nosso criador, Taylor Sheridan.

A representatividade é um dos pontos mais nuançados e progressistas da trama, mas a série já foi apelidada de “Succession republicano” e  “uma fantasia de direita”. Como se sente em relação a tentativas de definir a obra politicamente? Acho muito interessante, porque penso que a arte, tipicamente — e se for bem feita —, não está realmente tentando te passar uma mensagem. Ela está apresentando uma realidade que sentimos ser a vida e a interpretação vem do espectador. Logo, essas percepções geralmente vêm do condicionamento que a pessoa em frente à tela teve em sua vida. Eu conheço Taylor o suficiente para saber que ele vai se manter fiel a histórias moralmente ambíguas, que voltam a reflexão para o próprio público. Daí, se quem assiste ao programa se prende a alguma ideia conservadora, está por conta própria. Não doutrinamos, e por isso a obra é tão fascinante.

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Yellowstone cresceu em audiência ao longo dos anos, e parece chegar ao fim justamente no auge da sua popularidade. É esse o momento certo para encerrar a história? Eu não acho que seja o momento certo — mas, quero dizer, sou tendencioso nesse sentido. Acho que a trama poderia facilmente ter continuado por mais algumas temporadas, mas o Taylor indicou desde o começo saber exatamente quantas temporadas faria. Ele sabia qual seria a resolução e sempre se ateve ao que chamam de “bíblia do escritor”. Esta conclusão estava no cronograma e, como criador, é ele o determinante de como a história chega à sua resolução.

As séries derivadas de Yellowstone 

Ao se tornar um sucesso de audiência, o drama ganhou duas séries derivadas, 1883 e 1923 — estreladas por Tim McGraw e Harrison Ford, respectivamente. Ambientada bem antes da série original, 1883 mostra o primeiro Dutton a chegar nas terras da família. Já 1923 revela a jornada do tio-tataravô de John e foi renovada para uma segunda temporada. Sem data de estreia confirmada, mais uma série contemporânea deste universo chegará em breve com Michelle Pfeiffer no comando, The Madison. O novo enredo é descrito como “um estudo comovente do luto e das conexões humanas de uma família de Nova York que se muda para o centro de Montana”.

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