A situação tensa de série de Nicole Kidman com o governo da China
'Expats' retrata o cotidiano de imigrantes abastados na cidade chinesa, mas também retrata protestos por democracia e a desigualdade social da região
Em sua nova minissérie para o Prime Video, Expats, Nicole Kidman vive uma madame americana deslocada em Hong Kong, região administrativa da China conhecida por seu centro financeiro, seus imigrantes abastados, sua desigualdade social e pela luta de milhares de cidadãos pela democracia. Carregada de elementos instáveis, a locação é um desafio para quem escolhe a filmar, e com a atriz hollywoodiana não foi diferente: em 2021, ela foi foco de críticas da população após ganhar passe livre para burlar as restrições rígidas de quarentena impostas sobre o território, além de supostamente trabalhar em uma produção que alienaria as tensões locais. Três anos depois, a série estreou ao redor do mundo e provou ter mais nuance que o esperado — mas não pôde fazer o mesmo na cidade que retrata, onde — sem explicações — não está disponível.
Dentre os motivos especulados, um deles é a possível censura do governo da cidade, que já filtra o que chega aos cinemas desde 2020. A medida não contempla lançamentos digitais, mas o streaming ainda é afetado pela Lei de Segurança Nacional, que criminaliza subversão, secessão, terrorismo e conluio com forças estrangeiras. Como resultado, um episódio da animação Os Simpsons já foi retirado do catálogo local da plataforma Disney+. Procurado pelo veículo Variety, o governo de Hong Kong negou comentar “a operação de negócios individuais”. Já o Prime Video, questionado se o ocorrido foi um ato de autocensura, não respondeu.
Kidman encara tensões explosivas em Hong Kong na minissérie ‘Expats’
Os dois primeiros episódios de Expats já estão disponíveis no Prime Video brasileiro, com novos capítulos às sextas-feiras. Em entrevista a VEJA, a diretora e roteirista Lulu Wang afirmou se sentir obrigada a retratar os protestos por democracia na região, tendo optado por estabelecer a narrativa em 2014, ano da notória Revolta dos Guarda-Chuvas. “Como alguém que migrou da China em 1989, meu silêncio seria uma forma de autocensura e uma declaração ruidosa demais”, disse.
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