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Antes tarde do que nunca: transmissão olímpica avança contra o sexismo

Novas diretrizes adotadas apontam para filmagens mais respeitosas e focadas no desempenho esportivo das atletas

Por Amanda Capuano Atualizado em 31 jul 2024, 13h39 - Publicado em 31 jul 2024, 12h23
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  • Pela primeira vez na história, em Paris, homens e mulheres tiveram direito ao mesmo número de vagas na Olimpíada. Há poucos anos, esse aumento de mulheres competindo resultaria, de maneira infame, em um festival de closes sexistas nos seios e nádegas das atletas. Felizmente, a sexualização feminina nas transmissões esportivas melhorou nos últimos anos, mas não pelo simples bom-senso dos câmeras — agora, há ordens de cima para que elas sejam filmadas como merecem: com foco no desempenho esportivo, e não em atributos físicos fetichizados por lentes masculinas.

    Notada na Olimpíada de Paris em esportes como ginástica olímpica ou o vôlei de praia, que tem evitado flagrar imagens desrespeitosas das atletas, a nova forma de transmitir o esporte feminino é recente: na olimpíada de Tóquio, em 2021, o COI (Comitê Internacional Olímpico) atualizou suas diretrizes para tentar amenizar essa espécie de machismo visual. Entre os conselhos destinados aos profissionais de vídeos, há recomendações como a de não focar “desnecessariamente na aparência, roupas e partes íntimas do corpo” dos atletas.

    Em Paris, a recomendação se repetiu: em entrevista ao Le Monde, a Olympic Broadcasting Services (OBS) — responsável pela captação das imagens usadas por diversas emissoras do mundo — atualizou as diretrizes para que os operadores de câmera filmem todos os atletas da mesma maneira, sem estereótipos sexistas, e declarou que não serão toleradas filmagens ou comentários machistas na transmissão. “As atletas mulheres não estão lá porque são mais atraentes ou sexy ou qualquer coisa do tipo. Elas estão lá porque são atletas de elite”, declarou o CEO da OBS, Yiannis Exarchos, ao jornal, destacando que ainda há diferenças na filmagem de homens e mulheres.

    Embora a intenção seja boa, o avanço esbarra em outro obstáculo: os uniformes femininos que, historicamente, são mais sexualizados. A Nike, por exemplo, foi criticada por atletas e torcedores pela roupa da seleção feminina de atletismo dos Estados Unidos — um maiô com a virilha cavadíssima que contrasta com a regata e bermuda masculina exibida na mesma sessão de fotos. Questionada por atletas, como a campeã olímpica de atletismo Lauren Fleshman, a empresa disse que o maiô é apenas uma das opções disponíveis. Outro esporte que também gera polêmica ha anos é o vôlei de praia, que exibe mulheres competindo em biquínis enquanto homens trajam bermuda e camiseta — nesta edição dos jogos, no entanto, boa parte das atletas puderam escolher as vestimentas. No jogo entre as brasileiras Duda e Ana Patrícia e as espanholas Liliana e Paula, por exemplo, as brasileiras competiram de top e shorts, enquanto as espanholas adotaram o biquíni. É um avanço tardio, mas antes tarde do que nunca.

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